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Fábrica de conflitos

Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/
Autor: Jessé Souza *
07 de Jul de 2009

O discurso de muitos políticos locais sobre a vinda de investimentos de grandes empresas, inclusive internacionais, nunca foi sério. Simplesmente porque a política safadinha do toma-lá-dá-cá nunca permitiu que investidores sérios viessem para Roraima.

Porque investidor sério não vai querer pegar isenção a perder de vista e financiamentos com altos valores para dar "contrapartida" ou "financiar" campanha eleitoral de seus "padrinhos".

Por longos anos, os maus políticos tentaram implantar aqui um "conflito étnico" na base do gogó, primeiramente, e depois patrocinando grupos rivais para provocar situações que chegaram até a molotov contra a Polícia Federal.

Quem for fazer uma leitura na História vai encontrar situações semelhantes quando as grandes potências patrocinaram conflitos étnicos em várias partes do mundo, onde elas têm interesse econômico principalmente (petróleo), com o único fim de provocar conflitos econômicos e políticos.

A criação e manipulação de conflitos provocam instabilidade econômica e política, que por sua vez afasta os grandes investidores, principalmente investimentos internacionais (v. revista História - os grandes acontecimentos, p. 05).

Afastando os investidores sérios, vêm para cá somente investidores velhacos, que querem encher seus bolsos com grana pública, dividindo as migalhas com os maus políticos e maus governantes (a famosa "comissão").

Assim chegaram fábrica de sapatos, fábrica de celulose, fábrica de plástico, fábrica de roupas (veja o caso do chinês Chhai Kwo Chheng, inclusive adotado pelo PT local), além de outras fábricas que nunca passaram de engodo.

Com a definição da questão indígena e a transferência das terras da União para o Estado de Roraima, pôs-se um fim nesse discurso de fabricar conflitos étnicos e fundiários.

E agora? Agora os políticos que sempre sobreviveram do discurso de conflitos étnicos, fábricas espetaculares e promessas de terra promissora terão que trabalhar de verdade ou mudar de discurso. Ou inventar outro conflito.

A política de confundir a opinião pública era tão ostensiva quanto burra, a ponto de surgir o argumento de que os índios de Roraima queriam criar "nações independentes" dentro do Brasil.

Uma busca rápida nos dicionários e nos livros de Antropologia descobre-se que a palavra etnia vem do grego "éthonos", que significa povo ou nação. Ou seja, as etnias indígenas pela própria etimologia já são nações (idem).

"É muito comum a existência de diversos grupos étnicos dentro de uma nação, pois as populações não são homogêneas graças aos seus processos históricos. No entanto, as diferenças étnicas no mundo contemporâneo são usadas e manipuladas para ocasionar conflitos econômicos e políticos" (revista História, idem).

A inocência do povo, a lavagem cerebral que o eleitor recebe e a desinformação dos intelectuais locais deixam que os discursos alarmistas de políticos locais se transformem em "defesa da soberania". Enquanto isso, eles ficam ricos fazendo política partidária e a política do gogó.

* Articulista - jesse@folhabv.com.br - Acesse o blog do colunista http://pajuaru.blogspot.com/

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