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Extração de areia destrói mata atlântica

FSP, Cotidiano, p. C5
10 de Jan de 2011

Extração de areia destrói mata atlântica

Retirada irregular no Vale do Paraíba equivale à área de 300 estádios em trecho que deveria ficar intacto, mostra estudo

Além de desmatar uma região, mineradorasnão recuperam as áreas não mais usadas,como deveriam fazer

- Eduardo Geraque

A extração de areia nas margens do rio Paraíba do Sul, no Vale do Paraíba, invadiu áreas de mata atlântica, que deveriam ficar intactas.
Estudo do governo do Estado mostra que de cada quatro empresas que operam na região uma está em desconformidade com o zoneamento ambiental de 1999.
"Analisamos 159 empreendimentos. Deste total, 41 estão agindo fora da área de mineração", afirma Casemiro Tércio Carvalho, que organizou o estudo pela Secretaria do Meio Ambiente.
"Quem ainda não recebeu a autuação do Ministério Público Estadual deverá receber", afirma Carvalho.
A extração de areia irregular, indica o levantamento governamental, destruiu o equivalente a 300 campos de futebol em seis cidades (Jacareí, São José dos Campos, Caçapava, Taubaté, Tremembé e Pindamonhangaba).
A área representa menos de 5% do total destinado à mineração de areia no Vale. A atividade existe na região há mais de 50 anos.
Hoje, a principal forma de extração da areia consiste em fazer enormes buracos, alguns com mais de 15 metros de profundidade, na várzea do rio. A areia é retirada das cavas por meio de dragas.
De acordo com especialistas e o próprio governo, o impacto da mineração de areia não se resume ao desmatamento de uma região.
Outra crítica feita ao setor é que as áreas não mais usadas para a extração de areia costumam ficar totalmente abandonadas, em vez de serem recuperadas.
Como as lagoas ficam cheias de água e elas costumam se comunicar com o rio pelo subsolo, como vasos comunicantes, a poluição das cavas, que pode ocorrer por causa do óleo usado nas máquinas, por exemplo, vai também chegar ao rio.
De acordo com o governo existem no Vale do Paraíba quatro tipos de áreas, definidas pelo zoneamento: a zona de mineração propriamente dita, a zona de recuperação e as zonas de conservação de várzea e de proteção.
As irregularidades flagradas pelo satélite e pelo helicóptero usados no estudo ocorreram exatamente nas duas últimas categorias.

Sindicato diz que todas as empresas estão licenciadas

DE SÃO PAULO

O sindicato das empresas de extração de areia do Vale do Paraíba afirma que todos os seus associados estão devidamente licenciados pelo governo do Estado.
Sem conhecer detalhes do estudo, a representante da entidade, Sandra Maia, disse que a revisão do zoneamento de 1999 é um pedido antigo da instituição. "O que está previsto na própria legislação e até hoje não feito", diz.
Alguma dessas diferenças encontradas agora, afirma Maia, pode ser fruto de erros metodológicos. Interpretações diferentes, por exemplo, dos mapas de 1999.
O próprio governo do Estado, em seu levantamento feito no ano passado, avaliou as áreas que estão sendo recuperadas pelas empresas.
Do ponto de vista qualitativo, porém, o reflorestamento precisa melhorar, mostra o estudo. Apenas 35% das áreas visitadas estão com boa qualidade ambiental.
Um dos projetos ambientais na região está sendo conduzido pela Univap (Universidade do Vale do Paraíba).
Depois de comprar uma antiga área de mineração em 2003, a instituição resolveu reflorestar as 13 cavas do lugar, que somam 500 mil metros quadrados de área.

FSP, 10/01/2011, Cotidiano, p. C5

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1001201113.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1001201114.htm

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