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Extinção ameaça os grandes peixes marinhos do Brasil

O Globo, Ciência e Vida, p. 31
03 de Mai de 2006

Extinção ameaça os grandes peixes marinhos do Brasil

Os mares estão mais desertos e a ação humana é a maior responsável. Pela primeira vez, a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas de Extinção destaca o rápido desaparecimento de peixes e outros animais marinhos em todo o planeta. No Brasil, o mero ( Mero sapo ) e a arraia-jamanta ( Manta birostris ) tiveram menção especial.
A edição de 2006 da lista - preparada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês - diz que o Brasil tem 3.908 das 16.119 espécies de plantas e animais em risco de extinção em todo o mundo. O número representa um acréscimo de 24 espécies em relação à edição anterior, de 2004. Mas não é só o número de espécies que alarma os especialistas e sim a redução significativa daquelas que já constavam da relação, usada para orientar políticas de conservação.
Hoje, duas em cada cinco espécies da Terra estão em extinção. No mundo, um em cada três anfíbios, um em cada quatro mamíferos e uma em cada oito aves poderão desaparecer nos próximos anos. Setecentas e oitenta e quatro espécies estão extintas. O Brasil, por estar entre os países com maior biodiversidade do planeta - cerca de 17% de todas as espécies - chama particular atenção.
A costa brasileira, por exemplo, é consideravelmente biodiversa, mas tem populações pequenas de animais. Isso significa que espécies de peixes com valor comercial não têm grandes estoques. O exemplo mais dramático é o mero, que chega a quatro metros de comprimento e tem uma carne altamente valorizada. Sua pesca está proibida, mas o peixe é considerado em risco crítico de extinção.
Outra espécie citada é o peixe-serra ( Pristis pectinata ). Trata-se de uma arraia que pode atingir seis metros de comprimento, ameaçada tanto pela pesca excessiva quanto pela captura acidental. A arraia-jamanta também foi incluída pela primeira vez na lista referente ao Brasil.
- A perda de biodiversidade se intensifica em todo o mundo - disse o diretor-geral da IUCN Achim Steiner.
De acordo com ele, a ação humana (caça, destruição de habitais e até mesmo mudanças climáticas) é a principal causa de extinção.
No Brasil, além dos animais marinhos, mereceram destaque a inclusão na lista do tatu-dos-pampas ( Dasypus hybridus e a classificação da araucária ( Araucaria angustifolia ) como em perigo crítico.

Destaques no mundo

A inclusão de duas grandes espécies de mamíferos chamou atenção na lista mundial. Pela primeira vez, o urso -polar e o hipopótamo foram listados. O primeiro sofre com a redução de seu habitat devido ao degelo do Artico - um problema possivelmente associado ao aquecimento global. O segundo pode desaparecer devido a conflitos. A turbulenta situação política da República Democrática do Congo tem facilitado a caça ilegal de hipopótamos, abatidos por sua carne e pelo marfim de seus dentes. Na última década, a população de hipopótamos do Congo sofreu uma redução de 95%.
A IUCN estima ainda que 20% das espécies de tubarões e arraias estão em extinção em todos os oceanos, devido principalmente à pesca comercial ou acidental.

O Globo, 03/05/2006, Ciência e Vida, p. 31

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