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Exposição fotográfica em Chicago (EUA) conta a história dos índios Panará

ISA-Instituto Socioambiental-São Paulo-SP
Autor: Inês Zanchetta
16 de Set de 2003

O Field Museum, um dos mais renomados museus americanos, em colaboração com o Instituto Socioambiental, inaugura mostra sobre a saga desse povo indígena, registrada pelas lentes do fotógrafo Pedro Martinelli.

Uma formidável coleção de retratos em branco e preto, tirados entre 1970 e 1973 e em 1995, por Pedro Martinelli, compõem a mostra inaugurada em 12 de setembro no sofisticado Field Museum de Chicago, com curadoria de Patrícia de Filippi, em homenagem aos Panará. A exposição se encerrará em 8 de fevereiro de 2004. Na abertura do evento estavam Ana Valéria Araújo, diretora da Rainforest Foundation US, organização que apoiou os Panará desde o início de sua luta para voltar às terras das quais foram expulsos na década de 1970, o fotógrafo Pedro Martinelli, a curadora e fotógrafa Patricia de Filippi e o antropólogo Steve Schwartzman do Environmental Defense Fund (EDF), além de representantes do Field Museum. O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado também esteve na inauguração.

O trabalho do ISA aparece ao longo dos textos dos painéis que acompanham as fotos contando a história dos Panará. "As paredes do museu, pintadas de um vermelho quase-vinho ressaltam as fotos em branco e preto que, com a iluminação, criam um ambiente especialmente aconchegante para os que por lá passam", descreve Ana Valéria Araújo. Depois de percorrer a exposição, o visitante chega a um espaço no qual pode se sentar para assistir ao vídeo O Brasil Grande e os Índios Gigantes, de Aurélio Michillis.

Trágico contato

Protagonistas de uma história trágica de contato com os brancos na década de 1970, os Panará, também chamados de Krenhakarore ou índios Gigantes, escaparam por pouco da extinção. Atraídos durante a construção da BR-163, a rodovia Cuiabá-Santarém, acabaram expulsos de suas terras e abandonados à sua própria sorte. De uma população de mais de 400 indivíduos, em 1973, estavam reduzidos a cerca de 70, em 1975. Muitos foram vitimados por gripes e diarréias, e os que sobreviveram esmolavam na beira da estrada.

Foram, então, transferidos pela Funai para o Parque Indígena do Xingu, onde viveram em condições precárias, humilhados e mudando-se de um lugar para o outro. Durante o tempo em que permaneceram no Parque do Xingu, não deixaram de sonhar que um dia poderiam voltar para casa.

Duas décadas depois, com a ajuda do então Núcleo de Direitos Indígenas (NDI), e do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi),organizações que deram origem ao Instituto Socioambiental, voltaram às terras em que viviam e descobriram que uma parte delas não tinha sido detonada por invasores e garimpeiros. Daí em diante, decidiram retornar e começaram a reconstruir uma nova aldeia, que batizaram de Nãsepotiti, situada às margens do Rio Iriri, na fronteira do Mato Grosso com o Pará.

A volta para casa começou, efetivamente, em 1996. De lá para cá, recompuseram sua população - hoje soma cerca de 300 indivíduos - e nesse período decidiram entrar com ação indenizatória contra a União e a Funai por danos morais e prejuízos sofridos. Em setembro de 2000, a terceira turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região lhes deu ganho de causa,em decisão inédita. Em agosto de 2001, finalmente, tiveram a indenização garantida pelo presidente do TRF, juiz Tourinho Neto. A União e a Funai se abstiveram de recorrer da decisão.

A indenização devida pelo Estado brasileiro foi entregue à comunidade em agosto passado e em assembléia realizada na aldeia Nãsepotiti, discutiu formas de utilizar os recursos.

Primeira homenagem foi em 1998

O Instituto Socioambiental organizou durante dois dias, em abril de 1998, no Sesc-Pompéia um tributo aos Panará. Além de exposição fotográfica, lançou o livro Panará, a volta dos índios Gigantes, com textos dos jornalistas Ricardo Arnt, Lúcio Flávio Pinto e Raimundo Pinto e fotos de Pedro Martinelli. O evento teve ainda a exibição de um vídeo-documentário O Brasil Grande e os Índios Gigantes, com direção e Aurélio Michillis, uma mesa-redonda coordenada pelo então presidente do ISA, Carlos Marés de Souza Filho e ainda um concerto da cantora e compositora Marlui Miranda, com a participação dos Panará.

O livro Panará, a volta dos índios Gigantes está à venda na lojinha virtual do site do ISA

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