VOLTAR

Exportadoras são o alvo principal

OESP, Economia, p. B14
30 de Out de 2005

Exportadoras são o alvo principal

Empresas que vendem para o exterior, em especial à Europa, estão mais sujeitas às pressões de movimentos sociais
Conflitos com índios e movimentos sociais em geral são mais comuns com as grandes exportadoras, em especial aquelas que vendem para a Europa. "Este é um mercado exigente do ponto de vista dos direitos humanos e socioambientais", afirma o professor de gestão ambiental da UFBA, Célio de Andrade. "Isso repercute na gestão da companhia, que, além de gerir sua competitividade, tem de se preocupar em gerir sua legitimidade. Se ela perde essa legitimidade, ela perde competitividade."
É por isso, acredita Andrade, que invasões nas terras de uma Klabin, produtora de papel e celulose que abastece mais o mercado doméstico, por exemplo, não "reverberam" tanto. A empresa foi alvo de uma invasão do MST em abril de 2004, em Santa Catarina, mas conseguiu a reintegração de posse seis meses depois. "O próprio MST viu que a terra não servia para outra cultura além do pinus, que é próprio da região", afirma o diretor de assuntos corporativos da Klabin, Wilberto Lima Jr.
Sócia da Aracruz na Veracel - cujas terras no sul da Bahia foram invadidas pelos pataxós dias depois da inauguração, no fim de setembro, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, a sueca StoraEnso fará, nos próximos quatro anos, um investimento de US$ 500 milhões com a compra de terras e a plantação de eucalipto no Rio Grande do Sul e no Uruguai. "A questão indígena e o MST são um problema sério e causam muitas incertezas", afirma o vice-presidente para a América Latina da StoraEnso, Otávio Pontes. "Mas a fertilidade das terras no Brasil compensa o risco. Um bom diálogo, esclarecendo os benefícios que o investimento pode trazer para a região, ajuda a mitigar os conflitos."
A mobilização indígena e ambientalista tem sido um fator determinante para evitar a execução de alguns projetos de maior impacto. É o caso da Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, Pará, projeto que está parado há duas décadas. A proposta original foi abortada em 1989, depois que os caiapós conseguiram convencer o Banco Mundial a não financiar a obra, uma vez que ela provocaria a inundação de inúmeras aldeias. O governo Lula está empenhado em tirar a hidrelétrica do papel e apresentou um novo projeto que, garante, não inundará aldeias. O projeto continua, porém, em fase de licenciamento ambiental.
Conflitos entre índios e o grande capital não se restringem ao Brasil. Apesar de ter obtido licença ambiental do governo do Equador para explorar petróleo no Parque Nacional Yasuní, a Petrobrás teve que adiar obras e alterar seu projeto por pressão dos índios que vivem no parque.

OESP, 30/10/2005, Economia, p. B14

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.