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Explorações da Petrobrás mostram que pré-sal produz mais que o previsto

OESP, Economia, p. B1
15 de Out de 2012

Explorações da Petrobrás mostram que pré-sal produz mais que o previsto
Nos campos da bacia de Santos, por exemplo, o índice de sucesso das perfurações é de 90%, contra os cerca de 30% da média mundial

SABRINA VALLE, SERGIO TORRES / RIO

As explorações do pré-sal, especialmente na Bacia de Santos (litoral norte de São Paulo e sul do Estado do Rio de Janeiro), têm surpreendido a Petrobrás. Os primeiros quatro poços do campo gigante de Lula, por exemplo, estão produzindo 50% a mais do que o previsto - sucessos exploratórios que têm ofuscado internamente a acentuada queda de produção no pós-sal da Bacia de Campos (litoral norte do Rio e sul do Espírito Santo). Em Santos, o índice de sucesso é de 90%, contra os cerca de 30% da média mundial.
Diante do potencial, o governo, que no mês passado anunciou previsão de data para o primeiro leilão do pré-sal (novembro de 2013), usará um modelo de concorrência que considera também o volume produzido, não apenas a área cedida - uma forma de aproveitar o máximo das reservas, cujo gigantismo a cada dia se prova mais concreto.
Apenas os recursos da área da cessão onerosa e o potencial recuperável dos dois campos do pré-sal (Lula e Sapinhoá) que a Petrobrás declarou comercialidade à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) equivalem a tudo o que a companhia produziu desde sua fundação, em 1953. São 15,4 bilhões de barris.
"Só isso é igual a toda a produção que a Petrobrás já teve, e vocês sabem que não é só isso", disse à Agência Estado o gerente executivo de Exploração e Produção da Petrobrás, Carlos Tadeu Fraga. "Os poços têm tido produtividade melhor do que o inicialmente esperado."
Os quatro campos de Lula chegaram à meta esperada para seis poços: 100 mil barris por dia. Hoje, o pré-sal já responde por 5% da produção de cerca de 2 milhões de barris diários da companhia. A previsão é de que passe para 31% em 2016 e 50% em 2020.
"Categoricamente, nossa avaliação hoje em relação ao pré-sal é muito melhor do que tínhamos há alguns anos. Cada um pode escrever o que quiser, mas essa é a mais pura realidade", disse Fraga.
Potencial. Hoje, o horizonte potencial de reservas da Petrobrás é o dobro de tudo o que já foi produzido: 31,5 bilhões de barris de óleo equivalente. Mas os números não levam em conta, por exemplo, o campo de Carcará (Bacia de Santos), ainda não declarado comercial e, portanto, fora das estimativas oficiais.
Sócia da Petrobrás, a petroleira Barra Energia crê que Carcará é, seguramente, um dos maiores reservatórios do pré-sal.
"Posso dizer com segurança que nossa expectativa é que seja um dos mais significativos do pré-sal", disse o diretor e CEO da empresa, Renato Bertani.
Os campos da área da cessão onerosa são outro exemplo. Durante a megacapitalização da Petrobrás em 2010, a empresa adquiriu da União o direito de explorar 5 bilhões de barris das áreas de Libra e Franco, ambos em Santos. Mas sabe-se que apenas Libra tem pelo menos 5 bilhões em reserva estimadas.
A primeira descoberta abaixo da camada de sal ocorreu em 2006. O primeiro óleo foi produzido em setembro de 2008, no campo de Jubarte, na Bacia de Campos.
Em Franco, onde contratou o direito de produzir até 3 bilhões de barris de petróleo, a Petrobrás anunciou no mês passado a perfuração do quarto poço da cessão onerosa.
O Franco SW tem uma das maiores espessuras de coluna de óleo (438 metros) de todo o pré-sal. "Se não o maior", disse Tadeu.
A presidente da Petrobrás, Graça Foster, em discurso no encerramento da feira Rio Oil & Gas, disse que, entre 2005 e agosto deste ano, a empresa notificou 63 descobertas na área do pré-sal à ANP.
Aposta. O potencial de Santos, cujo pré-sal representa o dobro do de Campos, é a grande aposta. Em 20 meses, a produção da camada mais do que dobrou para 192 mil barris por dia. Em Santos, onde há 32 poços exploratório perfurados com índice de sucesso acima de 90%, a produção mais que triplicou.
Do total de US$ 236,5 bilhões de investimentos previstos para período, a prioridade será da Diretoria de Exploração e Produção, para a qual serão destinados US$ 131,6 bilhões.
Em quatro anos, a produção acumulada no pré-sal de Campos e Santos superou 100 milhões de barris de óleo equivalente. Em 2017, passará a 1 milhão de barris, conforme os planos da Petrobrás.
É aproximadamente metade do volume recuperável do Campo de Garoupa, que produz há 30 anos e está até hoje em produção. É dessa ordem de grandeza que estamos falando. "O potencial está sendo materializado", disse Tadeu.

Campo de Libra pode ser concedido por R$ 22 bilhões

RIO - O campo de Libra deve ser a vedete do primeiro leilão do pré-sal. Apenas para ele, estuda-se um bônus de assinatura (pago à União para ter direito de explorar a área) de R$ 22 bilhões, segundo uma fonte da Agência Estado. O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíves (IBP), João Carlos de Luca, acredita que o campo possa ser ofertado junto com outras áreas.
"Libra e mais alguma coisa, mas vamos ver", comentou Luca durante a feira Rio Oil & Gas.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, anunciou em setembro a intenção do governo de retomar em 2013 as licitações de áreas exploratórias de petróleo e gás natural, depois de quatro anos sem rodadas.
Serão duas concorrências: uma para o pós-sal (maio) e outra para o pré-sal (novembro). Mas os leilões só acontecerão se for aprovada a Lei dos Royalties no Congresso, já que sem ela poderia haver contestação judicial posteriormente.
No pós-sal, serão leiloados até 87 blocos (foco no Recôncavo) em terra e 87 em mar (foco na margem equatorial). ANP e Ibama estão atualizando as licenças ambientais e podem ainda reduzir ligeiramente o número.
Partilha. No contrato de concessão usado até hoje, o óleo encontrado fica com as companhias, que pagam royalties e participações especiais sobre a produção ao governo. No contrato de partilha que será inaugurado com o leilão do pós-sal, também há royalties e participações especiais, mas 50% do petróleo ficam com a União. O governo divide riscos exploratórios e depois compensa as empresas pelos investimentos. Com um bônus de assinatura fixo, ganhará quem ofertar à União maior volume produzido. Índice de conteúdo local também entra no cálculo.
O diretor de Produção da empresa Queiroz Galvão Exploração e Produção, Danilo Oliveira, falou sobre o interesse das empresas nacionais e estrangeiras em disputar os blocos em 2013, mas deixou claro que o foco principal é a concorrência do pré-sal.
"O pré-sal é o filé mignon do petróleo brasileiro", disse.
Menos empolgado, o presidente da BG Brasil, Nelson Silva, afirmou que a expectativa da petroleira é, "havendo leilão", e em atendimentos às regras que forem definidas, "vai nos interessar participar das rodadas da margem equatorial e do pré-sal também".

OESP, 15/10/2012, Economia, p. B1

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