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Expedição do Xingu está em Dourados

O Progresso
Autor: Maria Lucia Tolouei
02 de Fev de 2007

Lideranças políticas e religiosas guarani, caiuá, ñandeva e waurá buscam soluções para os conflitos

DOURADOS - A Expedição Caravana Waurá-Guarani chegou esta semana ao município. Os indígenas participam de uma conferência que termina amanhã e vai discutir a questão fundiária, a necessidade da homologação das terras, desnutrição e mortes.

O ponto alto da reunião aconteceu na noite de ontem, com o início oficial do Jeroky Guassu, a grande reunião de líderes políticos e religiosos dos caiuás, guaranis, ñandeva que recepcionam os indígenas da etnia Waurá. Eles compõem uma população estimada em 300 pessoas, habitantes milenares da região da bacia do rio Xingu, que falam a língua Maipure.
Durante a coletiva com a imprensa, ontem na Aldeia Lima Campo (Jatayvari), o cacique do Xingu disse que vê com tristeza a situação dos indígenas da região. Advertiu aos "irmãos" que se não houver unidade entre os índios eles vão continuar tendo que lutar pela terra dos ancestrais e morrendo de fome.

PROGRAMAÇÃO

A caravana partiu domingo de Brasília, passou pela terra indígena do Xingu e visitou locais sagrados. Os integrantes participaram de encontro de caciques na Casa das Flautas e discutiram a problemática das invasões de madeireiros, seringueiros e traficantes de animais silvestres.

Depois de uma extensa programação no Xingu, eles partiram para Dourados, onde chegaram há quase três dias, trazendo centenas de peças de artesanato. Na região, visitaram aldeias e cidades habitadas pelos guaranis.
Hoje, eles encerram a programação oficial, com um intercâmbio de experiências das culinárias indígenas. Os waurá vão ensinar os guarani a fazer o "beiju". Os índios do Mato Grosso do Sul também devem apresentar as iguarias produzidas nas aldeias locais. Amanhã, os waurá vão para Campo Grande, de onde partem para Brasília.

A Caravana Waurá-Guarani é uma iniciativa da Organização Não-Governamental ACT Brasil, com apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome e a Prefeitura de Dourados. A Ong foi criada há cinco anos por um grupo de profissionais preocupados com o fortalecimento de populações tradicionais e com iniciativas de proteção biocultural.
Mato Grosso do Sul foi escolhido para sediar o evento porque, segundo estudos do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), é o Estado com maior número de mortes de índios.

Em 2005, 29 dos 43 assassinatos de indígenas ocorreram em MS. A maior parte das vítimas eram guaranis e caiuás. Segundo o mesmo estudo, a grande maioria desses assassinatos têm ligação direta com a indefinição fundiária na região.

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