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Autor: Kessillen Lopes
10 de Fev de 2020
Patxon contou que a perda do cargo foi uma surpresa e que até agora não foi esclarecida oficialmente.
O coordenador regional da Funai em Colíder (MT) foi exonerado do cargo na última quarta-feira (5). Patxon Metuktire, neto do cacique Raoni Metuktire, atribui o ato às manifestações contrárias do avô em relação ao atual governo.
O G1 entrou em contato com a Funai, mas até a publicação desta reportagem não obteve retorno.
Patxon contou que a perda do cargo foi uma surpresa e que até agora não foi esclarecida oficialmente.
"Não fui informado pelo Ministério da Justiça ou Funai, simplesmente fui exonerado. A informação foi adiantada por um grupo de WhatsApp que participo com outros coordenadores. Eles afirmaram que outros serão exonerados para que militares ocupem os cargos", contou.
Segundo ele, a explicação dada foi que ele não está nos critérios exigidos para ocupar o cargo, que seria a experiência e formação superior.
Patxon assumiu o cargo em 2015. Atualmente, ele estuda direito. O cargo deve ser assumido pelo substituto do ex-coordenador, que é concursado.
"Fica essa dúvida, se e motivo é politico ou é critério técnico. Não ficou claro. Acredito que por eu ser da família do Raoni e ele ter feito declarações contrárias aos planos do presidente, eles me tiraram do cargo", disse.
Carta enviada ao Congresso
Patxon disse que acredita que a exoneração também foi impulsionada após uma carta escrita por indígenas contra a exploração de recursos naturais e agricultura nas terras indígenas encaminhada ao Congresso Nacional, em janeiro deste ano.
"É uma reação devido ao manifesto, assim como outros ataques que viram. Falta diálogo entre o governo e as lideranças indígenas. Gostaríamos desse diálogo. Não queremos mudar as propostas, queremos respeito. Não somos contra o governo, somos contra as propostas que ameaçam nossos direitos", afirmou.
A carta enviada ao Congresso foi escrita durante reunião com mais de 600 índios no Parque Nacional do Xingu, em São José do Xingu, a 931 km de Cuiabá.
No documento, os indígenas pedem apoio e repudiam a autorização para a liberação das áreas para o cultivo agrícola, em discussão no Congresso.
Eles se dizem ameaçados com a proposta do atual governo e que vão lutar pelos direitos previstos em lei.
"Não aceitamos garimpo, mineração, agronegócio e arrendamento de nossas terras. Não aceitamos madeireiros, pescadores ilegais e hidrelétricas e outros empreendimentos, como Ferrogrão que venham nos impactar de forma direta e irreversível. Repudiamos a perseguição e a tentativa de criminalização das nossas lideranças", diz trecho da carta.
O encontro, que se encerrou nessa sexta-feira (17), foi mobilizado pelo cacique Raoni, que se tornou uma referência mundial devido às campanhas de proteção ambiental.
https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2020/02/10/exonerado-da-fun…
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