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Exército prepara mil homens para RR

Folha de S. Paulo-São Paulo-SP
Autor: ANDRÉA MICHAEL
27 de Abr de 2005

A pedido do Ministério da Justiça, o Exército colocou mil homens de prontidão para uma eventual ação de emergência em Roraima. O Estado é palco de tensões entre índios, arrozeiros e políticos em decorrência da homologação da terra indígena Raposa/Serra do Sol em 15 de abril.
Atualmente, os militares instalados na região atuam para facilitar a logística e fornecer alimentação aos policiais em missão no local. Se o novo contingente do Exército for acionado, é possível que os soldados também participem de ações de segurança.
Até o final da semana, a Polícia Federal irá deslocar mais 47 homens para Roraima, que se juntarão aos 230 policiais federais e rodoviários enviados recentemente.
O governador de Roraima, Ottomar Pinto (PTB) -que é contra a homologação-, reuniu-se em Brasília com os ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Aldo Rebelo (Coordenação Política), mas não houve acordo. "Se aceitar isso, estou sepultado politicamente", disse o governador sobre a proposta de ceder ao Estado 150 mil hectares para assentar famílias que terão de deixar a reserva.
Na segunda, a PF instaurou inquérito para apurar o suposto envolvimento do prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero (PDT), no fechamento da BR-174, que liga o Brasil à Venezuela, e no seqüestro de quatro policiais federais, na última sexta.
Ambas as ações seriam represálias à decisão do governo de homologar a terra indígena Raposa Serra do Sol como um território contínuo, em detrimento de interesses principalmente de arrozeiros que atuam no Estado.
Produtor agrícola, Quartiero é investigado em quatro outros inquéritos policiais por suspeita de envolvimento em seqüestros de agentes da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), da Funai (Fundação Nacional do Índio) e de missionários que atuavam em escola situada na terra indígena. Também é investigada a suposta participação de Quartiero na destruição de quatro malocas (habitação que abriga várias famílias de índios). Sobre os restos das casas foram pintadas suásticas nazistas.
O prefeito não respondeu ao recado deixado pela Folha em seu telefone celular no final da tarde de ontem. Procurado pela Folha, o Centro de Comunicação do Exército não respondeu ao e-mail no qual a reportagem buscou detalhar como seria uma eventual atuação dos militares na região da reserva Raposa/Serra do Sol.

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