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EXCLUSIVO: Conflito com índios no Mato Grosso deixa empresário hospitalizado

Ambiente Brasil-Brasília-DF
Autor: Danielle Jordan
24 de Ago de 2005

Os conflitos por terras, entre índios e "homens brancos", não estão circunscritos aos livros de História do Brasil. Apesar de pouco divulgados pela mídia, eles acontecem ainda hoje, em pleno Século XXI.

No Mato Grosso, recentemente, um empresário foi surpreendido na pista de pouso de sua propriedade por um avião fretado pela Funai. Ari Carneiro, proprietário da pousada Jurumé, no município de Apiacás, disse que um avião desembarcou no local trazendo mantimentos para os índios que já ocupavam a área. Ari conta que falou para o piloto da aeronave que a região não se tratava de área indígena, e que esta ficava situada cerca de 800 quilômetros dali. O empresário relata ainda que pediu a retirada do avião, mas foi atacado por índios que estavam na pista, sofrendo ferimentos que o deixaram hospitalizado por nove dias.

Segundo ele, o grupo ainda está em terras de sua fazenda, ao lado da pousada. "Apenas dois ou três são realmente índios, os demais são brancos", afirma Ari, referindo-se ao grupo. De acordo com ele, existem interesses "obscuros" por parte da Funai em controlar a região, "para manter os garimpeiros e garantir uma porcentagem", diz.

O superintendente da Polícia Federal, Denis Calli, que atendeu a ocorrência, diz que os conflitos entre o empresário e os índios já acontecem há algum tempo. Segundo ele, quando a PF foi acionada, recebeu a informação de que havia reféns na pousada, fato que não se confirmou. Ele disse que encontraram apenas quatro funcionários, e que o restante do pessoal já tinha se deslocado.

"Os índios Apiacás entendem que seria uma área de seus antepassados, e que ainda existem índios isolados", explica Denis, falando das divergências entre eles e o empresário. "Os índios estão constituíndo uma nova aldeia, para procurar seus parentes que dizem estar isolados na região", conta. A Funai está instituindo um grupo de trabalho para levantar essas informações, e se os grupos isolados não forem encontrados, os índios deverão se retirar da área.

A região está em processo de tranformação em Parque Nacional. Sérgio Brant, da diretoria de Ecossistemas do Ibama, afirma que no próximo mês deve ser realizada uma consulta pública, dando continuidade ao processo de criação do Parque Nacional do Juruena. O apoio do governo estadual do Mato Grosso torna o procedimento mais fácil, segundo Sérgio, com a expectativa de que o parque deva ser aprovado sem problemas, apesar de um "histórico" pontuado por conflitos. "Existe um grande interesse por aquela região".

Sérgio, que percorreu toda a área, disse que nem mesmo em conversas com outros grupos ouviu falar da existência de índios na localidade, nem mesmo isolados, como afirmam. "Os grupos que estão ali vieram de outras cidades, como Juara", diz.

O administrador executivo regional da Funai de Colíder, Megaron Txucarramãe, contesta: "Os Apiacás são os índios que apitam aquele local. São habitantes tradicionais daquela área", diz. Segundo ele, a população é significativa na região. "Devem ser mais de mil", contabiliza. "Eles querem retornar ao território tradicional deles".

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