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EUA lideram esforço contra aquecimento global

O Globo, Opinião, p. 20
04 de Jun de 2014

EUA lideram esforço contra aquecimento global
Uso intensivo de gás não convencional reduziu emissões poluentes em 13% desde 2005 e anima Obama a propor corte de 30% até 2030

A mais ousada iniciativa do presidente Obama para reduzir o aquecimento global propõe o corte de 30% das emissões de gases poluentes pelas geradoras de energia até 2030, em relação a 2005. O plano mira na maior fonte de poluição do país - as cerca de 550 usinas a carvão, de geração de energia, responsáveis por 38% das emissões de dióxido de carbono, o principal gás do efeito estufa.
A Casa Branca pegou carona numa situação excepcional. Esta fonte de poluição já ficou menor em cerca de 13% desde 2005, em parte porque novas exigências ambientais tornaram as usinas mais eficientes e em parte porque o aumento da produção de gás não convencional, mais barato e mais limpo, está substituindo o carvão nas grandes unidades energéticas. Com isso, os EUA estão muito próximos de cumprir a promessa feita por Obama, em 2009, de cortar as emissões de gases do feito-estufa em 17% até 2020. E quase na metade da nova meta de 30% até 2030. Um estudo citado pelo "New York Times" revela que cem dos maiores produtores de energia do país reduziram a emissão de poluentes de todo o tipo, inclusive dióxido de carbono, entre 2008 e 2012.
Depois de ver suas iniciativas em relação ao clima barradas no Congresso, o presidente passou a invocar poderes executivos para implementá-las. Em duas ocasiões, suas decisões foram confirmadas pela Suprema Corte, com base na Lei do Ar Limpo. Mas é esperada forte oposição ao novo plano por parte do lobby da indústria do carvão e de políticos de estados produtores, porque ele poderá levar ao fechamento de centenas de usinas, com perda de empregos. Muitos deles, contudo, serão recuperados na própria reconversão das usinas e na expansão de fontes alternativas.
O novo plano cria opções para os estados. Eles poderão alterar suas matrizes com a instalação de parques eólicos, energia solar e novas tecnologias. Poderão, ainda, participar de programas regionais tipo "cap and trade" (limitar e negociar), no qual estados menos avançados no corte de emissões compram "permissões" para poluir de estados em melhores condições, que assim financiam o avanço de sua eficiência energética.
A Casa Branca quer convencer a indústria de energia americana de que a mudança de paradigma na produção e distribuição é o caminho para novos lucros, no futuro. Ela sabe que, sem o engajamento da poderosa máquina de pesquisas - na academia e nas empresas -, o salto não será viabilizado. Esta revolução energética é vista como uma das últimas chances de Obama de deixar um legado para a História.
Com o avanço obtido via gás não convencional e o novo plano, os EUA chegarão em posição de força na próxima Cúpula do Clima, em setembro, na ONU, em Nova York. Líderes mundiais tentarão fixar novas metas para as emissões dos países, para que um novo tratado global sobre o clima seja negociado até o fim de 2015.

O Globo, 04/06/2014, Opinião, p. 20

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