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Estudante acha lixo de 13 paises na Ilha do Mel

OESP, Geral, p.A16
01 de Out de 2004

Estudante acha lixo de 13 países na Ilha do Mel
Descoberta surpreendeu aluna de Biologia que faz pesquisa no local
Evandro Fadel
CURITIBA - A estudante de Biologia da Pontifícia Universidade Católica de Curitiba Andressa Rutz Debiazio teve uma surpresa na primeira coleta de lixo realizada na Ilha do Mel, no litoral paranaense, como parte da monografia que prepara para conclusão de curso. "Achamos lixo de 13 países", registrou. "Mas não significa que necessariamente foram pessoas desses países que os jogaram."
O local de maior incidência dos resíduos é o voltado para o Canal da Galheta, acesso obrigatório aos Portos de Paranaguá e Antonina. "Como na região há grande tráfego de navios, há indícios de que os resíduos têm relação com eles."
A primeira coleta foi feita em 28 de agosto, com calouros da PUC. Numa extensão de 5 quilômetros na ilha foram retirados 77 sacos cheios de quase uma tonelada de lixo. Os rótulos em língua estrangeira chamaram a atenção.
Um mês depois, ela retornou com estudantes de um colégio de Curitiba.
Percorreu 3 quilômetros no trecho anterior. Saiu de lá com 20 sacos de lixo e rótulos de 6 países.
"É pouco provável que alguma garrafa tenha parado lá só pelas correntes marítimas", disse. "Encontramos lixo de diferentes datas, incluindo garrafas com fabricação de menos de dois meses atrás, o que caracteriza ser lixo jogado ali." Uma quantidade mínima de resíduos foi encontrada na área perto do forte, que é mar aberto, e outro tanto no local de embarque, em Pontal do Sul. As coletas realizadas no continente mostram que a maioria do lixo é proveniente das comunidades da região.
O "lixo internacional" é apenas uma parte do projeto Que Lixo é Esse!? O objetivo é determinar a origem de todos os resíduos achados no litoral do Paraná. Até julho, quando Andressa apresentará a monografia, a área da estação ecológica da Ilha do Mel, onde vivem poucas pessoas, e o município de Pontal do Paraná, de grande densidade populacional, serão os alvos do estudo. Após essa data, ela pretende levá-lo para todo o litoral.
Os resíduos estão sendo tipificados conforme o material e a origem. Segundo Andressa, que tem a ONG Praia Local, Lixo Global como parceira, cerca de 60% do lixo coletado é plástico, especialmente garrafas, mas há também potes de margarina, embalagens de produtos tóxicos, óleo, derivados de petróleo e inseticidas, entre outros.
Seguindo as normas estabelecidas para o trabalho, Andressa pretende lançar ao mar, de vários locais, no início do próximo ano, 500 das garrafas já recolhidas, levando uma mensagem, em várias línguas, para quem achá-las entrar em contato com os telefones impressos. Ela traçará um trajeto provável das garrafas, que serão numeradas. "Poderá nos ajudar a determinar a origem dos resíduos", acredita. Para isso, procura patrocínio ao projeto, que custará, na primeira fase, R$ 7 mil.

Solução pode vir com estudo de impacto ambiental
CURITIBA - O presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), responsável pela preservação do meio ambiente no Estado, Rasca Rodrigues, reconhece que o problema do lixo no mar, principalmente o internacional, é bastante sério.
"O lixo circunda o mundo. Já está comprovado que também existe lixo do Paraná em outros lugares", lamentou. Ele acredita que o disciplinamento definitivo da questão no Estado possa ser conseguido com a aprovação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do Porto de Paranaguá, que está sendo realizado pela primeira vez em 69 anos.
A normatização vai atingir o navio depois de seu atracamento no cais. De acordo com o assessor de Assuntos do Mar na Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, José Gryzinski Filho, o trabalho de recolhimento e acondicionamento desse lixo está entregue hoje a uma empresa licenciada pelo porto. Rodrigues pretende atingir também os navios que estão parados ao largo, aguardando o momento de atracar. (E.F.)

OESP, 01/10/2004, p. A16

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