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Estiagem causa desespero em dois mil índios

Gazeta de Alagoas-Maceió-AL
Autor: ARNALDO FERREIRA
12 de Out de 2003

Índios das tribos do alto sertão tiveram a agricultura tradicional arrasada pela estiagem

Mais de dois mil índios das tribos Geripancó, Caruazú e Kotoquim, Kurumpancó, todas no município de Pariconha, e da tribo Kalancó, município Água Branca, regiões do alto sertão alagoano, pediram socorro aos técnicos da Fundação Nacional dos Índios. Eles ameaçam invadir Maceió e ocupar a sede da Funai para conseguir alimentos.
Os caciques e pajés fizeram um relato dramático dos efeitos da seca, que, segundo eles, destruiu as lavouras tradicionais e acabou com a pequena pecuária das comunidades.
As comunidades ficam na região próxima ao Vale do Moxotó, um dos lugares mais quentes de Alagoas e que há dois anos enfrenta a estiagem prolongada.
O que piorou ainda mais a situação dos índios foi a falta de assistência técnica e projetos de irrigação prometidos pelo governo federal, que na verdade nunca saíram do papel.
Essas tribos, localizadas nas áreas mais inóspitas do semi-árido alagoano, ainda estão em fase de reconhecimento antropológico por parte da direção nacional da Funai. Os levantamentos ainda não foram concluídos.
Mesmo assim, o cacique Geripancó, num relato manuscrito e encaminhado à Procuradoria da República em Alagoas, feito à administração da Funai de Sergipe/Alagoas e à direção da Fundação Nacional de Saúde - Funasa, assegurou que "cerca de dois mil índios passam fome e não têm mais água para beber. Precisamos de socorro imediato" - apelou.
Funai
O administrador em exercício da Funai, José Heleno, deslocou equipes técnicas para as áreas castigadas pela longa estiagem. Na última sexta- feira, em entrevista à GAZETA DE ALAGOAS, assegurou que cerca de dois mil índios das tribos do sertão enfrentam a pior estiagem dos últimos anos.
O administrador da Funai, através de ofício, pediu a direção nacional da Fundação, recursos emergenciais para comprar cestas básicas para as tribos. "Não tem comida nenhuma nas comunidades. A fome é séria", disse José Heleno.
Como muitas crianças e os velhos, além de passar fome, também estão doentes, Heleno encaminhou outro ofício à direção da Funasa, solicitando leite, cestas básicas e assistência médica especial. "Nós temos assistência da Funasa. Mas neste momento precisamos de mais ajuda assistencial e alimentar de todos os órgãos federais" - explicou.
Dentro desta iniciativa de socorro emergencial, o administrador da Funai de Alagoas e Sergipe vai tentar uma audiência com a coordenadora estadual do Programa Fome Zero, Genilda Leão, e solicitar que inclua os índios que perderam as suas lavouras e estão desempregados para receber o cartão de bolsa alimentação.
Ele propõe que se estenda o programa Fome Zero para todas as tribos de Alagoas. "Hoje, temos oito mil índios que precisam de ajuda. A crise social é grande também no agreste", frisou José Heleno.

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