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Estados americanos lancam 'Kyoto' propio

FSP, Ciencia, p.A20
25 de Ago de 2005

Plano da Costa Leste estabelece meta para emissões que causam aquecimento global, na contramão do governo Bush
Estados americanos lançam "Kyoto" próprio
Anthony de Palma
DO "NEW YORK TIMES"
O governo do Estado de Nova York e os de oito outros Estados americanos articularam um acordo preliminar para congelar as taxas de emissão atuais de gases-estufa de suas usinas termelétricas e reduzi-las em 10% até 2020.A ação cooperativa, a primeira de seu tipo nos EUA, veio depois que o governo Bush decidiu não regular a emissão dos gases-estufa, que contribuem para o aquecimento global. Depois que o acordo final for firmado, os órgãos legislativos dos nove Estados terão de aprová-lo, o que deve ocorrer.
A iniciativa regional colocaria em ação um sistema de mercado para controlar as emissões de dióxido de carbono, o principal gás-estufa, que é emitido por mais de 600 termelétricas nos nove Estados. Os ambientalistas que apóiam uma lei federal para controlar os gases-estufa acreditam que o modelo estabelecido pela iniciativa será seguido por outros Estados, criando uma pressão que poderia levar ao surgimento de uma lei nacional.
Os Estados da Califórnia, de Washington e do Oregon estão começando a estabelecer as bases de um acordo regional parecido com o da Costa Leste. Os nove membros do acordo são Connecticut, Delaware, Maine, Massachusetts, New Hampshire, Nova Jersey, Nova York, Rhode Island e Vermont. A iniciativa de reuni-los começou em 2003, pelas mãos de um governador do Partido Republicano (o mesmo de George W. Bush), George Pataki, de Nova York. Ele rompeu publicamente com o governo Bush por sua recusa em assinar o Protocolo de Kyoto, o acordo mundial que estabelece os primeiros passos para a redução das emissões no planeta.Pataki, que pode ser um dos pré-candidatos a presidente em 2008, tem evitado criticar Bush diretamente, mas disse repetidas vezes que os Estados precisavam agir por conta própria, mesmo se o governo federal não priorizasse a questão das emissões.
Detalhes preliminares sobre as metas de redução da região foram incluídos num memorando confidencial que circulou entre funcionários dos nove Estados. Andrew Rush, porta-voz de Pataki, não quis comentar o rascunho porque não se tratava de um documento definitivo. Entretanto, ele afirmou que "um tremendo progresso foi feito, e nós esperamos continuar a trabalhar com os outros Estados para chegar a um acordo final".
Samuel Wolfe, comissário-assistente do Departamento de Proteção Ambiental de Nova Jersey, disse que ainda era preciso acertar a proposta. "Mas os Estados estão trabalhando de forma muito produtiva para resolver esses problemas e temos muita esperança de conseguir uma resolução geral até o fim do mês que vem".
Em declaração oficial, James Connaughton, presidente do Conselho de Qualidade Ambiental da Casa Branca, elogiou a iniciativa dos Estados.
Calcula-se que a emissão combinada dos nove Estados equivalha à da Alemanha inteira. Como um todo, os EUA são os maiores emissores do planeta. A idéia é estabelecer tetos de emissão específicos para cada Estado, que irão diminuir ao longo do tempo, a partir de 2009. As empresas que reduzirem suas emissões além da meta poderão vender cotas para as usinas que estourarem a sua.

FSP, 25/08/2005, p. A20

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