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Estado petroleiro

FSP, Editoriais, p. A2
16 de Dez de 2016

Estado petroleiro

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, demonstrou mais uma vez que não teme as consequências de seus atos e escolhas. O mais recente sinal de imprudência do republicano veio com a indicação de Rex Tillerson para o posto de secretário de Estado.
Tillerson preside desde 2006 a petroleira ExxonMobil, sexta maior empresa do mundo em faturamento. Se o Senado aprovar a nomeação, a pasta de maior prestígio do governo americano será ocupada por um executivo sem experiência no serviço público.
As credenciais do indicado, contudo, podem dificultar sua confirmação no Comitê de Relações Exteriores, composto por 19 senadores, 10 deles republicanos.
A ExxonMobil já esteve em conflito aberto com lideranças representativas como Sarah Palin, republicana da ala ultraconservadora. A indústria petroleira tem presença marcante no Alasca, Estado que aumentou as taxas pagas pelo setor durante o governo de Palin.
Além disso, investimentos de Tillerson na área de petróleo na Rússia foram congelados após embargos levantados contra o país de Vladimir Putin, do qual é considerado próximo. Mesmo entre republicanos há desconforto com as suspeitas de interferência russa nas eleições americanas.
A atuação de mais de três décadas do executivo na ExxonMobil abre um flanco para Trump, ainda, por seu impacto negativo nos setores da opinião pública e do empresariado que apostam em energias limpas. Depois do carvão, petróleo é o pior combustível fóssil, do ponto de vista da mudança climática.
O desprezo retrógrado de Trump pelas questões ambientais, de resto, já havia sido demonstrado em outras de suas nomeações. Scott Pruitt, indicado para a Agência de Proteção do Ambiente, é um exemplo. Como procurador-geral do Estado de Oklahoma, iniciou ações contra a própria agência que irá comandar, contestando as limitações impostas à indústria petrolífera.
Por sua vez, o ex-governador do Texas Rick Perry, convidado para o Departamento de Energia, já se referiu ao aquecimento global como "farsa climática".
Não são poucos os obstáculos para que se efetivem as escolhas de Trump, mas o presidente eleito já deu mostras suficientes de que não recua facilmente diante deles.

FSP, 16/12/2016, Editoriais, p. A2

http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/12/1841895-estado-petroleiro…

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