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Estado e Prefeitura retomam ação para despoluir 89 córregos e aliviar Rio Tietê

OESP, Metrópole, p. A15
30 de Mar de 2017

Estado e Prefeitura retomam ação para despoluir 89 córregos e aliviar Rio Tietê
De acordo com gestão municipal, 47 estão há anos sem passar por corte de mato e remoção de lixo; ideia é resgatar parceria iniciada em 2007

Fabio Leite

SÃO PAULO - Quatro anos após ter sido paralisado, o programa de limpeza de córregos da capital paulista está sendo retomado em uma ação conjunta entre o governo Geraldo Alckmin e a gestão do prefeito João Doria, ambos do PSDB. A parceria, que foi lançada em 2007 e abandonada em 2013, é considerada essencial para o projeto de despoluição do Rio Tietê, que começou há 25 anos e já consumiu cerca de US$ 3,5 bilhões.
Inicialmente, o foco será recuperar 89 dos 149 córregos que foram despoluídos pelo programa desde 2007, a um custo de R$ 240 milhões. Segundo a Prefeitura, 47 estão há anos sem passar por ação de zeladoria, como corte de mato e remoção de lixo, 22 estão com suas margens ocupadas por moradias irregulares e 20 voltaram a ficar com a água poluída, por falta de manutenção e fiscalização durante a gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT).
Um dos exemplos é o Córrego do Curtume, que fica no bairro da Lapa, zona oeste paulistana. Como prevê o escopo do programa, o canal foi despoluído e revitalizado para receber um parque linear no entorno, mas a área foi ocupada por sem-teto, que voltaram a poluir o leito com lixo e esgoto.
"A maior parte desses 149 córregos foi despoluída entre 2007 e 2009 e depois não recebeu a devida manutenção com serviços de zeladoria. Vamos retomar o programa com foco nesses córregos que retrocederam e depois ir avaliando a inclusão de outros no programa", disse o secretário municipal de Prefeituras Regionais, Bruno Covas. Segundo ele, os próximos alvos devem ser os Córregos Uberaba, Casa Verde 1 e Casa Verde 2, na zona norte.
O Programa Córrego Limpo é coordenado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), controlada pelo governo Alckmin. Na divisão de tarefas, cabe à estatal mapear, inspecionar e realizar a manutenção dos coletores de esgoto, conectar os domicílios à rede, monitorar a qualidade das águas e conscientizar a população sobre a importância de se preservar os córregos.
Segundo a Sabesp, cerca de 1,5 mil litros de esgoto que eram despejados a cada segundo nos córregos que cortam a cidade e desembocam no Tietê passaram a ser coletados pela companhia e tratados antes de serem lançados no rio, beneficiando 2,2 milhões de pessoas.
Já a Prefeitura é responsável pela limpeza do leito e das margens dos córregos, como corte de mato e retirada de entulho, manutenção de galerias pluviais e bocas de lobo, fiscalização de imóveis que não estejam conectados às redes coletoras e remoção de moradores irregulares no entorno.
De acordo com a Sabesp, a parceria não foi renovada em 2013, início da gestão Haddad, o que comprometeu a expansão do programa. Em 2007, a meta era despoluir 328 córregos em dez anos. Ainda assim, a estatal informou ter investido R$4,8 milhões para zeladoria e monitoramento de córregos já despoluídos no ano passado.
A assessoria de Haddad afirmou que o programa Córrego Limpo foi suspenso na gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), atual ministro das Comunicações, e tinha interesse em retomar as ações. Segundo a assessoria, isso não possível "por causa de uma série de dificuldades impostas pela Sabesp", que teve de lidar com a crise hídrica entre 2014 e 2015 e não considerou a retomada do programa uma prioridade.
Retomada. Agora, na retomada do programa, Alckmin e Doria devem assinar, na próxima semana, um novo termo de cooperação entre Estado e Prefeitura que prevê uma cláusula de obrigatoriedade de adesão, na qual cada um se compromete a cumprir suas responsabilidades na limpeza de córregos. "A grande novidade dessa nova etapa do programa é a garantia de que o Córrego Limpo terá continuidade, ainda que mudem as gestões do Estado e do município", disse Alckmin.
A celebração deve ocorrer às margens do Córrego Cruzeiro do Sul, em São Miguel Paulista, zona leste, que foi despoluído recentemente pela Sabesp./ COLABOROU ALEXANDRE HISAYASU

Na capital paulista, metade dos córregos tem qualidade ruim
Estudo que analisou a situação de 56 corpos d'água encontrou só um com nível bom; limpeza precisaria ser regional, alerta ONG

Giovana Girardi

SÃO PAULO - Monitoramento da água feito em 56 córregos paulistanos mostra que praticamente metade (27) têm qualidade ruim e um, péssima. Somente um está em condição boa e outros 27, regular. Parte do problema é o despejo de esgoto sem tratamento.
Riacho Água Podre, na Vila Tiradentes, zona oeste de São Paulo, teve perda de qualidade da água nos últimos anos
Os dados fazem parte de levantamento da SOS Mata Atlântica que analisa a situação de córregos e rios do bioma ao longo do ano. Segundo Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas e responsável pelo levantamento, o abandono do Projeto Córrego Limpo contribuiu para esse cenário.
"Ao longo do projeto houve no entorno de vários córregos a implementação da coleta de esgoto e foram removidas ocupações irregulares, afastando o esgoto da água, mas, com o abandono do projeto, muitos voltaram a ter a margem ocupada e hoje sofrem de novo com lixo e esgoto. Não é algo que tenha começo e fim, que possa parar, tem de ser um programa contínuo", alerta a ambientalista.
Além disso, diz, poucos contaram com uma etapa mais avançada do programa, que previa, além da coleta de esgoto e do reordenamento urbano das margens, a criação de parques lineares ao longo dos córregos. Isso permitiria uma revitalização da área e uso pela comunidade, ajudando na fiscalização.
É o caso, por exemplo, do Riacho Água Podre, que teve perda de qualidade da água nos últimos anos depois de ter sido incluído no programa, mas nunca recebeu o parque.
Malu lembra que outro complicador é a limitação do Córrego Limpo a São Paulo. Ela lembra que vários cursos d'água que passam pela cidade nascem ou vêm de outros municípios da região metropolitana, como o Pirajuçara, que surge com qualidade ruim desde Taboão. Ou o próprio Tietê, que recebe cargas de Guarulhos, Mogi das Cruzes e Suzano.
Bacia. Levantamento também da SOS, de 2016, revelou que trecho de 137 km do Tietê segue com qualidade da água ruim ou péssima. "O ideal seria incluir toda a região metropolitana no plano. E fazer a gestão do recurso hídrico para toda a bacia do rio e não só em São Paulo."

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Os dados fazem parte de levantamento da SOS Mata Atlântica que analisa a situação de córregos e rios do bioma ao longo do ano. Segundo Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas e responsável pelo levantamento, o abandono do Projeto Córrego Limpo contribuiu para esse cenário.
"Ao longo do projeto houve no entorno de vários córregos a implementação da coleta de esgoto e foram removidas ocupações irregulares, afastando o esgoto da água, mas, com o abandono do projeto, muitos voltaram a ter a margem ocupada e hoje sofrem de novo com lixo e esgoto. Não é algo que tenha começo e fim, que possa parar, tem de ser um programa contínuo", alerta a ambientalista.
Além disso, diz, poucos contaram com uma etapa mais avançada do programa, que previa, além da coleta de esgoto e do reordenamento urbano das margens, a criação de parques lineares ao longo dos córregos. Isso permitiria uma revitalização da área e uso pela comunidade, ajudando na fiscalização.
É o caso, por exemplo, do Riacho Água Podre, que teve perda de qualidade da água nos últimos anos depois de ter sido incluído no programa, mas nunca recebeu o parque.
Malu lembra que outro complicador é a limitação do Córrego Limpo a São Paulo. Ela lembra que vários cursos d'água que passam pela cidade nascem ou vêm de outros municípios da região metropolitana, como o Pirajuçara, que surge com qualidade ruim desde Taboão. Ou o próprio Tietê, que recebe cargas de Guarulhos, Mogi das Cruzes e Suzano.
Bacia. Levantamento também da SOS, de 2016, revelou que trecho de 137 km do Tietê segue com qualidade da água ruim ou péssima. "O ideal seria incluir toda a região metropolitana no plano. E fazer a gestão do recurso hídrico para toda a bacia do rio e não só em São Paulo."

OESP, 30/03/2017, Metrópole, p. A15

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