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Estado de índio que foi ferido nas costas é grave

O Globo, País, p. 3
05 de Jun de 2013

Estado de índio que foi ferido nas costas é grave
Prazo para reintegração de posse na Buriti acaba às 9h15m; terenas dizem que vão resistir

PAULO YAFUSSO*
opais@oglobo.com.br

CAMPO GRANDE - O índio terena Jociel Alves Gabriel, de 32 anos, foi baleado nas costas no fim da tarde de ontem, dentro da fazenda São Sebastião, também em Sidrolândia, a 72 quilômetros de Campo Grande. Horas antes, um grupo de aproximadamente 300 indígenas, do qual ele fazia parte, havia invadido a propriedade. Pela gravidade do ferimento na coluna cervical, o indígena foi levado em estado grave para a Santa Casa de Campo Grande. De acordo com os terenas, ele é parente de Oziel Gabriel, morto durante confronto com as polícias Federal e Militar, no dia 30, durante a operação de reintegração de posse da fazenda Buriti.
Os índios dizem não saber se o tiro foi disparado por um fazendeiro ou por seguranças da propriedade invadida. O episódio ocorreu um dia antes do prazo dado pela juíza federal Raquel Domingues do Amaral para que a Funai e a União desocupem a Buriti de forma pacífica, que termina às 9h15m de hoje. A Advocacia Geral da União tenta obter novo prazo para o cumprimento da determinação.
A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul afirmou ter informações de que índios de outras regiões do estado estariam indo para Sidrolândia, em solidariedade aos terenas que estão na área do conflito e ameaçam novamente resistir à reintegração de posse. A disputa judicial em torno da fazenda Buriti se arrasta há 13 anos. A Funai e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) dizem desconhecer a movimentação dos índios.
fazendeiro diz que Índios atearam fogo
Na noite de segunda-feira, o Ministério Público Federal chegou a divulgar que a reintegração de posse da fazenda Buriti havia sido suspensa. Mas, segundo o advogado dos fazendeiros, Newley Amarilha, o que ocorreu foi uma confusão em relação às decisões da Justiça Federal, e a ordem judicial está mantida.
O dono da fazenda São Sebastião, Guilherme Murado, acusou os índios de estarem ateando fogo em sua propriedade antes do confronto, mas negou que o tiro que feriu o índio tenha sido disparado por seu capataz. Segundo ele, o empregado nem estava na propriedade:
- Estava só um menino que me ajuda, que, quando viu os índios vindo e tacando fogo em tudo, fugiu da fazenda.
O coordenador da Funai na região, Jorge das Neves, disse não haver notícias precisas do que ocorreu. O coordenador estadual do Conselho Indigenista Missionário, Flávio Machado, disse que o clima está bastante tenso.
- Os índios estão preocupados, principalmente com o desaparecimento de três deles - disse ele.
Há a possibilidade de os três índios estarem escondidos dentro da mata. (*Especial para O GLOBO)

O Globo, 05/06/2013, País, p. 3

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