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"Espero a exoneração desde segunda-feira", diz presidente da Funai

Folha de S. Paulo-São Paulo-SP
13 de Ago de 2003

Pressionado pelo governo para que entregue o cargo, o jornalista e indigenista Eduardo Aguiar de Almeida, 53, afirmou hoje que deve deixar a presidência da Funai (Fundação Nacional do Índio) nos próximos dias.

Caso seja confirmada a saída de Almeida, será a primeira queda no segundo escalão do governo Lula.

Com a cadeira ameaçada há dois meses, Almeida disse hoje à Folha Online que "espera pela publicação de sua exoneração no Diário Oficial desde a última segunda-feira (11)" e não acredita mais na possibilidade de negociar sua permanência com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

"O ministro nega participação nessa decisão, tem dito que é uma questão de estilo, de desarmonização. As condições de convívio são normais. Há alguma coisa que não está sendo revelada", decl arou.

Almeida afirma que as razões de sua iminente saída "são obscuras e artificiais", mas admite que pressões dos senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Romero Jucá (PMDB-RR) --que presidiu o órgão de 1984 a 87-- estariam motivando a decisão. Também estariam influenciando pressões dos governadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) e Blairo Maggi (PPS-MT).

"A gente sabe que Romero Jucá, apesar de não ser do PFL, e ACM são tudo de uma origem só, crias do Marco Maciel, é tudo família. E o ACM não seria a primeira vez", disse o presidente da fundação, alegando que o senador baiano desaprova seu nome desde 2000. Entre janeiro e agosto daquele ano, Almeida foi nomeado para acompanhar a situação dos índios no extremo sul da Bahia, Estado de ACM.

A Folha Online apurou que a troca na presidência da Funai só não foi efetuada ainda porque o governo tem dificuldades para encontrar um substituto. Hoje, o cargo foi oferecido ao recém-nomeado procurador do órgão, o indigenista e advogado Fernando Dantas, que recusou a proposta. Dois pretendentes para herdar o cargo são um assessor parlamentar ligado a Jucá, o ex-deputado Antônio Carlos Nantes de Oliveira, e o chefe de gabinete do Ministério da Justiça, Sérgio Sérvulo da Cunha.

Nomeado pelo PT, Almeida sucedeu Artur Mendes, que pediu ao ministro no início do ano para sair da direção. É membro fundador da Sociedade Brasileira de Indigenistas e desde janeiro de 2002 trabalhou como consultor do Ministério do Meio Ambiente. Na Funai, foi assessor da presidência antes de chefiar o órgão.

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