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Esforço para salvar monumentos

CB, Cidades, p. 26
28 de Dez de 2004

Esforço para salvar monumentos
Ministério da Ciência e Iphan criam, ainda na primeira quinzena de janeiro, o primeiro Centro Tecnológico do Patrimônio Cultural do país na cidade de Goiás. Um dos objetivos é recuperar documentos históricos

Renato Alves
Da equipe do Correio

Acidade de Goiás receberá um projeto piloto para a inclusão de novas técnicas na preservação e restauração de monumentos, desenvolvido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Também conhecida como Goiás Velho, a cidade terá o primeiro Centro Tecnológico do Patrimônio Cultural do país.
O convênio entre o MCT e o Iphan será assinado ainda na primeira quinzena de janeiro, de acordo com a assessoria do ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos. Não foram divulgados os valores do projeto.
Mas a estimativa é que ele custe em torno de R$ 500 mil. O certo é que os recursos virão do ministério e da Secretaria de Educação do estado de Goiás. A expectativa é de que tudo esteja pronto até meados do próximo ano.
Mas as finalidades do projeto já estão definidas. ''Teremos laboratórios, pessoas capacitadas para difundir tecnologias na recuperação de documentos históricos, no trato de obras artísticas e culturais e bens e imóveis'', explica o secretário de Inclusão Social do MCT, Rodrigo Rollemberg.
Outra ação dos Centros Tecnológicos do Patrimônio Cultural a serem instalados em outras cidades históricas do país será voltada ao turismo. O centro terá a função de capacitar parte da população para o turismo - atividade responsável por boa parte da renda desses municípios. ''Pessoas serão treinadas para desenvolver o design no artesanato, novas embalagens, culinária, confecção de doces, técnicas e processos que agreguem valor à produção e tornem mais atrativo aquele destino turístico'', afirma Rollemberg. O segundo centro será implantado na cidade de Olinda, em Pernambuco, até a metade do ano.
Igrejas
No estado de Goiás, outro projeto pioneiro pretende conscientizar e treinar religiosos para cuidar dos bens patrimoniais das igrejas históricas do estado. O curso de formação de agentes patrimoniais começa em fevereiro. Durante um mês, 60 pessoas, entre elas integrantes das pastorais, seminaristas e sacristãos, assistirão a aulas de preservação ministradas por técnicos do Iphan, em Goiânia.
Os alunos aprenderão, entre outras coisas, a limpar imagens sacras e pisos de forma a não danificar o material. ''Vamos ensiná-los também a fazer inventários'', conta a superintendente regional do Iphan, Salma Saddi. Os agentes não pagarão nada pelo curso, que será custeado pela Fundação Aroeira em parceria com a Universidade Católica de Goiás, Iphan e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O estado de Goiás tem o maior número de bens tombados pelo Iphan. Só na cidade de Goiás, que foi a primeira capital do estado, há 800 imóveis na área tombada do município, que ganhou o título de Patrimônio Histórico da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), no fim de 2001. As outras cidades brasileiras que conseguiram o mesmo título foram Brasília, Salvador (BA), São Luís (MA), Ouro Preto (MG), Olinda (PE) e Diamantina (MG).
Riqueza
Goiás Velho foi uma das primeiras cidades brasileiras. Construída em 1721, quando o país ainda era colônia de Portugal, quase todas as residências ainda mantêm as paredes de barro. Antes de receber o cobiçado título, o município tinha um infra-estrutura típica de cidade do interior. Era muito carente em todas as áreas. Para pleitear o prêmio de Patrimônio da Humanidade, o governo do estado pediu dinheiro emprestado ao Banco Mundial (Bird).
O governo goiano gastou R$ 40 milhões em obras em Goiás Velho, só em 2001. A cidade recebeu melhor infra-estrutura. Além de uma nova rede de esgoto, foram instaladas fiações elétricas subterrâneas. Mas quase tudo se perdeu depois da chuva que destruiu parte da cidade, na passagem de 2001 para 2002. Mais de 20% dos imóveis tombados foram atingidos pela enchente. Entre eles, a casa onde viveu a poetisa Cora Coralina, que foi transformada em museu.
Hoje, quase tudo está recuperado, graças a um esforço conjunto do Iphan, governo federal e governo de Goiás. Agora, o poder público quer ensinar os moradores da cidade a preservar todo esse tesouro.

CB, 28/12/2004, Cidades, p. 26

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