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Escola para manter cultura

O Povo-Fortaleza-CE
21 de Mar de 2002

Crianças tapebas participam de dança indígena: preocupação em manter a tradição

Português, Matemática, História e Tupi? Sim. Há um movimento que está ganhando força na América Latina que defende o ensino de uma língua indígena nas escolas de nível médio. A proposta de educação bilíngue indígena foi discutida durante o Seminário de Políticas Educativas e Linguística, no México em dezembro do ano passado. Foi o tapeba Claudenildo Bento de Matos, 27 anos, quem representou todos os povos indígenas do Brasil no encontro. Ele é coordenador de todas as escolas de ensino diferenciado do município de Caucaia.

''Essa é uma forma das pessoas conhecerem e respeitarem a cultura indígena'', defende Claudenildo de Matos. Entretanto, ele vê muitas dificuldades para o projeto ser implantado no Brasil. ''Nós conhecemos a luta dos índios e negros no País'', pondera. Ele ressalta o fato de muitas pessoas dizerem desconhecer que há índios no Ceará. Ele informa que as discussões sobre a proposta continuarão no Peru, em agosto deste ano, e no México em 2003.

Segundo Claudenildo, as escolas diferenciadas ainda não ensinam a língua indígena, só algumas palavras soltas. Entretanto são ensinados dois tipos de português: o cultural e o oficial. ''Os índios podem falar nóis 'rai' dentro da aldeia, mas sabem que em outros cantos tem que dizer vai'', afirma Claudenildo.

Os índios tapebas fazem parte do tronco linguístico Tupi. Atualmente, só os mais velhos ainda guardam um certo conhecimento da língua que os antepassados falavam. Claudenildo diz que há um módulo específico para cada etnia sobre sua língua. Para o resgate do idioma, um linguista especializado na temática indígena faz uma pesquisa com os habitantes mais antigos da aldeia. Segundo ele, este trabalho já foi feito com os pitaguarys, em Maracanaú. Os próximos beneficiados serão os tapebas.

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