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Erro de diagnóstico pode ter acelerado morte de crianças indígenas em MS

O Globo, O País, p.10
05 de Abr de 2005

Erro de diagnóstico pode ter acelerado morte de crianças indígenas em MS

Paulo Yafusso
Especial para O Globo

O coordenador regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Gaspar Hickmann, admitiu ontem que a falta de um atendimento adequado no Centro de Reabilitação Nutricional (Centrinho) pode estar contribuindo para a morte de crianças indígenas em Mato Grosso do Sul. Maciel Nunes, de 3 anos, morreu na madrugada de ontem. Foi o 18 indiozinho da reserva guarani-caiuás a morrer este ano.
A suspeita de Hickmann foi levantada após a morte de Maciel e de seu irmão, Rafael Nunes, ambas provocadas por leishmaniose visceral. Rafael tinha 2 anos e morreu quando estava sendo transferido do Hospital Universitário de Dourados para a Santa Casa de Campo Grande na quinta-feira. Já Maciel foi transferido para o Hospital Regional em Campo Grande sábado à noite, mas não resistiu.
- Ficou claro que há uma falta muito grande de segurança no Centrinho - diz Hickmann.
Segundo ele, Maciel e Rafael recebiam atendimento como se tivessem apenas desnutrição. Foi o médico colombiano Jaime Valência, que atua há cinco anos na área de saúde indígena pela Funasa, que desconfiou que Rafael estava com leishmaniose, por causa do baço inchado.
Os médicos do Centrinho acabaram aceitando fazer um exame em Rafael, confirmando a leishmaniose. O teste também deu positivo para Maciel. A doença é transmitida pelo mosquito flebótomo.
- Considerando essas semelhanças, foi levantada a suspeita de que as outras mortes, supostamente por desnutrição, podem ter sido provocadas por leishmaniose. A doença deixa os pacientes desnutridos - afirmou Hickmann.
O coordenador da Funasa diz que não há como se confirmar essa suspeita, pois as famílias indígenas não permitem que seja feita autópsia. Ele disse que a partir desta suspeita, a Funasa vai reforçar o monitoramento dos pacientes internados no Centrinho.

O Globo, 05/04/2005, O País, p. 10

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