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ENTREVISTA MARCOS TERENA

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
Autor: Klécio Santos
26 de Ago de 2001

Queremos chegar à Presidência

Aos 46 anos, Marcos Terena, se transformou numa das principais lideranças indígenas do país. É representante indígena na Organização das Nações Unidas (ONU) e ocupa um cargo importante - coordenador-geral de Defesa dos Direitos Indígenas (CGDDI) - no núcleo da Fundação Nacional do Índio (Funai), apesar de ser um crítico do governo federal. Terena já concorreu duas vezes a uma cadeira no Congresso, pelo PDT e PT, mas não conseguiu se eleger. Atualmente, sem partido, deve concorrer de novo, em 2002. Na sexta-feira, conversou com o DC, quando defendeu a necessidade de uma maior representação indígena na política.
Diário Catarinense - Qual a importância de eventos como este realizado em Florianópolis?
Marcos Terena - Os índios que foram eleitos no país, só conquistaram um espaço na política por iniciativa própria. Eventos como este realizado são importantes porque estamos às vésperas de uma eleição. Os índios que já são parlamentares têm que ter uma dimensão da importância que podem representar no cenário nacional. Para nós, é fundamental que os vereadores indígenas tenham uma atuação mais nacional e abrangente. Uma candidatura indígena não pode ser mais um ideal. O nosso objetivo é fazer com que os partidos assumam compromissos de viabilizar essa candidatura. Hoje, os partidos não estão interessados em trabalhar a candidatura de um índio, mas o querem como cabo eleitoral.
DC - Somente a população índigena é suficiente para aumentar a representatividade política?
Terena - Em alguns estados, sim. Em Roraima, por exemplo, temos condições de eleger até um senador. A idéia é estimular candidaturas e, se possível, eleger dois deputados federais e seis estaduais em todo o país, nas próximas eleições. Em 2006, poderemos estimular a candidatura de um índio à Presidência, como aconteceu no Peru e vai acontecer no Equador e na Bolívia.
DC - Caso sejam eleitos, a atuação ficará restrita às causas indígenas?
Terena - Não, tem que ser mais abrangente. Mas para isso, os nossos candidatos precisam se capacitar, para superar inclusive vários preconceitos. Hoje, até mesmo entre os nossos aliados, a tendência é não votar nos índios. Ou seja, há professores e até bancários que apóiam a causa indígena, mas votam em seus representantes.
DC - Na área indígena, quais são as demandas?
Terena - Várias. Dar a Fundação Nacional do Índio (Funai) um status de ministério, por exemplo. Temos que trabalhar mais emendas orçamentárias que privilegiem às nossas causas. Uma outra questão é a criação de uma universidade indígena.
DC - Qual a sua avaliação do governo Fernando Henrique?
Terena - Por incrível que pareça, quem mais assentou terras indígenas foi o ex-presidente Collor e que, teoricamente, não tinha compromisso com a causa indígena. Nós esperávamos muito mais do Fernando Henrique Cardoso. Foi uma decepção.

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