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Entradas e bandeiras

Isto É, Brasil, p. 46-50
12 de Nov de 1986

Entradas e bandeiras
Militares plantam marcos e quartéis do terceiro ciclo da expansão

Uma enorme clareira está sendo aberta na densa mata equatorial que cobre a fronteira do Brasil com a Venezuela, na região amazônica. Índios, garimpeiros, missionários, caçadores e aventureiros especulam ao som do ronco de um trator que derruba a mata. Que surpresas trará para aqueles confins da Amazônia o posto militar que o Exército pretende erguer ali o mais rápido possível? Que imposições virão com os setenta soldados do pelotão avançado, ocupantes de um dos sete novos quartéis cuja construção foi acelerada ao longo das fronteiras da região? Tudo indica que são pacíficas e defensivas as intenções deste novo desembarque militar programado para a Amazônia, dentro de um projeto governamental que recebeu o prosaico nome de Calha Norte e estende-se hoje por 6.500 quilômetros de fronteiras com cinco países - Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, englobando 14% do território nacional à margem esquerda do rio Amazonas. Nem por isso são objetivos menos polêmicos, pois movem-se sob inspiração de formulações geopolíticas gestadas na Escola Superior de Guerra antes e durante o regime militar.
O Calha Norte instala-se na Amazônia para fechar o círculo de um longo planejamento estratégico que busca tornar realidade a "vocação continental" do Brasil. Ou seja, garantir a integridade política e econômica de seu território.

Isto É, 12/11/1986, Brasil, p. 46-50

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