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Energia renovavel: posicao do Pais e criticada em Bonn

OESP, Geral, p.A12
04 de Jun de 2004

Energia renovável: posição do país é criticada em Bonn
Questão das barragens e hidrelétricas desagradou ambientalistas
BONN - A ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, ressaltou ontem, na cidade alemã de Bonn, no plenário da Conferência Internacional de Energias Renováveis, o compromisso do Brasil e de toda a América Latina com as energias limpas, como chave para o desenvolvimento econômico e a superação da pobreza.
"As energias renováveis abriram perspectivas de desenvolvimento em regiões aptas para sua exploração, já que permitem um aproveitamento ecológico de seus enormes recursos naturais", disse a ministra, que falou no plenário como representante de toda a região latino-americana e do grupo de países caribenhos.
"Em grande parte da América Latina, já se alcançou 14,7% de consumo energético gerado por fontes renováveis e o objetivo é seguir adiante nesse processo", disse a ministra. No entanto, "milhões de brasileiros ainda vivem à luz das velas", por não terem acesso à energia, segundo Dilma, o que tornou necessário avançar no desenvolvimento de fontes energéticas "independentes" e baseadas nos próprios recursos naturais.
Um dos pontos polêmicos de seu discurso esbarrou nas hidrelétricas.
Ambientalistas não gostaram de a ministra tê-las defendido como fonte mais importante e mais barata para o suprimento de eletricidade na região que representa.
"O discurso da ministra foi uma decepção geral para as ONGs aqui presentes e também para vários delegados da conferência," disse o representante da Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (FBOMS) Rubens Born, em entrevista por telefone ao Estado.
"O Brasil poderia ter se aproveitado da liderança e papel-chave desempenhado pelo País desde Johannesburgo, na Rio+10, para concretizar projetos em energias renováveis e atrair recursos dos negociadores", explica ele. "Mas não foi o que aconteceu. Ocorre que o País foi à conferência representando a América Latina e Caribe, e o sistema de hidrelétricas não é adequado para todos eles. Foi um péssimo sinal político."
"Usando uma analogia que o nosso presidente gosta, o Brasil estava com a bola na frente do gol sem goleiro", disse o representante do Greenpeace Marcelo Furtado, outro brasileiro presente à Conferência. "A ministra resolveu brigar pelas barragens. Agora vai perder liderança e os possíveis recursos de investidores."
"A ministra deveria ter se concentrado na Plataforma de Brasília, já discutida, e ter falado de programas como o Proinfa," de acordo com Born. O Proinfa é um programa coordenado pelo Ministério das Minas e Energia do Brasil que estabelece a contratação de 3.300 MW de energia no Sistema Interligado Nacional, produzidos por fontes eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas, sendo 1.100 MW de cada fonte. "Não há garantia para depois de 2006." (Maurício Kanno, com EFE)

OESP, 04/06/2004, p. A12

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