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A energia no mundo e as alternativas no Brasil

FSP, Opinião, p. A2
Autor: MORAES, Antônio Ermírio de
16 de Jan de 2005

A energia no mundo e as alternativas no Brasil

Antônio Ermírio de Moraes

Quanto vai custar a limpeza do mundo? Essa é uma questão que angustia quem se preocupa com o crescimento meteórico do gás carbônico emitido pelos energéticos poluentes.
Os dados da Agencia Internacional de Energia mostram que o uso dos combustíveis fósseis vem aumentando 1,5% ao ano. Em tempos de grande atividade econômica, como foi o de 2004, o incremento é bem superior. Nos dias de hoje, o consumo desses combustíveis é cinco vezes maior do que foi em 1950.
Além do petróleo, que polui bastante, muitos países utilizam intensamente o carvão, que polui mais ainda. Os Estados Unidos consomem 25% do carvão mundial. A China consome outros 23%. Os dois juntos queimam quase a metade do carvão do planeta -prejudicando o ar que respiramos.
Os americanos -que não assinaram o Protocolo de Kyoto- começam a se preocupar com o problema. A National Commision for Energy Policy acaba de publicar um relatório defendendo o aumento da oferta de petróleo nos Estados Unidos mediante a construção de um gasoduto que vem do Alasca e, ao mesmo tempo, propondo medidas severas para combater a emissão de gás carbônico, pelas quais as restrições deveriam ser obrigatórias e pagas. Os técnicos sugeriram taxação de US$ 7 por tonelada de gás carbônico emitido (National Commision for Energy Policy, "Ending the Energy Stalamate", 2004). Se o Congresso americano aprovar essa sugestão, a limpeza daquele país custará uma exorbitância e colocará em risco o crescimento econômico.
São problemas de quem depende de combustíveis fósseis. Bem diferente é o Brasil, que pode contar com uma fartura de energéticos não-poluentes, como a água para a eletricidade e a cana-de-açúcar para o álcool.
É pena, porém, que, tanto um como o outro, têm sofrido descontinuidades por parte das políticas públicas. Vejam o caso do álcool. Surgiu agora a grande esperança dos veículos propelidos a bi-combustíveis (combinando gasolina e álcool) ou do tri-combustível (adicionando o gás). Mas será que o governo vai ser firme no apoio desses avanços da tecnologia moderna?
Para o país, isso seria ótimo em vários aspectos. Com todos os percalços do programa, o álcool economizou cerca de 220 mil barris de petróleo por dia desde que foi implantado (1975). A nossa dívida externa seria US$ 140 bilhões maior do que é atualmente. Ademais, o cultivo da cana-de-açúcar para fins de álcool constitui uma grande oportunidade de trabalho.
Estudos recentes mostram que os energéticos renováveis criam quatro vezes mais empregos do que os não-renováveis (Janet Sawin, "Charting a new energy future", The State of the World, 2003). Ou seja, o Brasil tem alternativas que permitem, a um só tempo, produzir energia, economizar divisas, poluir pouco e gerar muitos empregos. O que estamos esperando?

FSP, 16/01/2005, Opinião, p. A2

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