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Enel planeja dobrar seu parque gerador no Brasil

Valor Econômico, Empresas, p. B3
08 de Nov de 2016

Enel planeja dobrar seu parque gerador no Brasil

Rodrigo Polito

A italiana Enel prevê quase dobrar seu parque gerador no Brasil, dos atuais 1,5 mil megawatts (MW) para 2,85 mil MW até o fim de 2018. Esse total será alcançado por meio de projetos, principalmente de fontes eólica e solar, que arremataram contratos em leilões recentes e estão em fase construção. O investimento previsto, a maior parte com recursos próprios, segundo a empresa, é de US$ 2,3 bilhões.
Do total, US$ 1 bilhão vai para construção de quatro parques solares no Piauí e Bahia.
A ampliação dos investimentos em fontes renováveis além de hidrelétricas faz parte da nova estratégia da empresa, na qual também está incluída a implementação das novas marcas da elétrica no Brasil, fruto de um reposicionamento estratégico global do grupo. A medida faz parte do conceito "open power", no qual a empresa pretende se abrir para novas soluções, parceiros e tecnologias, para se manter relevante diante das mudanças tecnológicas em curso no setor de energia e no mundo.
A nova estratégia para o Brasil é dividida em três áreas: geração convencional, transmissão, distribuição e comercialização, que ficarão sob o guarda-chuva "Enel"; geração de energia renovável complementar (pequenas centrais hidrelétricas, eólicas e usinas solares), que continuarão a cargo da "Enel Green Power" (EGP); e o desenvolvimento de soluções para clientes, como geração distribuída, tocados pela "Enel Soluções".
Na linha estratégia do grupo, de eliminar as emissões de gás carbônico até 2050 e investir em fontes renováveis e geração distribuída, o Brasil se encaixa entre os destinos de investimentos da companhia. Cario Zorzoli, principal executivo no Brasil, não quis falar em números de investimentos nos próximos anos, porque o grupo anunciará seu novo plano estratégico no fim deste mês, porém destacou que a participação do país no negócio global da empresa irá crescer.
"Em termos de Ebitda, atualmente o Brasil representa um número pequeno para a Enel. Mas se você olhar os investimentos já conhecidos no curto prazo comparados aos investimentos globais da Enel, vai ver que a porcentagem de capex que estamos investindo no país é muito maior que a porcentagem do Ebitda gerado. Isso é uma resposta indireta para dizer que é um mercado de crescimento, onde investimos em proporção maior que o Ebitda que geramos", afirmou Zorzoli, ao Valor.
Com relação às fontes renováveis, o executivo reconheceu que a recente decisão da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) de impedir que projetos no Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul participem do próximo leilão de energia de reserva (LER), em 16 de dezembro, impacta os planos da empresa para a licitação. Ele, porém, explicou que a empresa continua estudando a possibilidade de participar do certame, que negociará contratos de fornecimento de energia de empreendimentos de fontes eólica e solar.
"Sem dúvida o assunto do gargalo na transmissão elétrica é um problema que atrapalha um pouco o desenvolvimento das renováveis. Não obstante a isso, estamos trabalhando para poder participar [do leilão]. A decisão de participação será tomada na hora adequada e não meses antes. Mas trabalhamos para participar", explicou.
Na mesma linha, Zorzoli afirmou que a companhia analisa a oportunidade de participar do leilão da Celg Distribuição (Celg D), empresa da Eletrobras (51%) e do governo de Goiás (49%), marcado para 30 de novembro. "Estamos trabalhando para isso mas a decisão final, se vamos ofertar ou não, é uma decisão que tem que se tomar no momento certo. É um ativo interessante. No dia 25 [de novembro, data para as empresas entregarem a proposta] vou comentar se vamos fazer oferta", afirmou.
A mesma estratégia vale para uma possível aquisição de participação na Light, distribuidora que tem entre seus controladores a Cemig e está localizada ao lado da Ampla, que a partir de hoje se chamará Enel Distribuição Rio. Questionado sobre o assunto, Zorzoli disse que "ficamos ativos no mercado olhando todas as possibilidades. E, no momento devido, vamos resolver", comentou.
Com relação à decisão da Eletrobras de colocar à venda em 2017 todas as outras seis distribuidoras do grupo, localizadas no Norte e Nordeste, Zorzoli disse que "vamos observar todas as oportunidades que chegarem à nossa mesa".
O executivo ressaltou ainda que a prioridade da Enel no setor de distribuição não se dará apenas no crescimento por meio de aquisições, mas também em investimentos para a melhoria da qualidade do serviço. Nesse sentido, a Enel Distribuição Rio investiu R$ 379 milhões no primeiro semestre, com alta de 22% ante igual período de 2015. Na mesma comparação, a Enel Distribuição Ceará (novo nome da Coelce) aumentou em 30% os investimentos, para R$ 210,2 milhões.
Zorzoli ressaltou ainda o investimento de cerca de R$ 280 milhões em um projeto de automação das duas distribuidora do grupo no país. A expectativa é que, até o fim do ano, esteja automatizada quase toda a rede da Enel Distribuição Rio e uma parte da Enel Distribuição Ceará.

Valor Econômico, 08/11/2016, Empresas, p. B3

http://www.valor.com.br/empresas/4768627/enel-planeja-dobrar-seu-parque…

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