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Empresas se unem para reaproveitar matéria-prima e tirar acordo do papel

FSP, Seminários Folha, p. 6
07 de Out de 2017

Empresas se unem para reaproveitar matéria-prima e tirar acordo do papel

Claudia Rolli

Com 12 empresas associadas, a Abinee (que reúne a indústria de eletroeletrônicos) criou a Green Eletron, primeira gestora da cadeia de reciclagem do setor.
HP, Samsung, Apple, Lenovo e Embraco, entre outras, integram a entidade, que tenta unificar ações no setor e avançar no acordo nacional.
"Processamos de 300 a 400 toneladas por mês. Reaproveitamos 95% dos materiais eletrônicos, que voltam como matéria-prima para a indústria", diz Mileide Cubo, gerente de operações da Sinctronics, uma das recicladoras parceiras da Green Eletron.
Mesmo com alta de 30% no volume de reciclagem em 2016, a Sinctronics usa apenas um terço de sua capacidade. "Há espaço para processarmos mais e empregarmos mais", diz a gerente da empresa, em Sorocaba (99 km de São Paulo).
O Brasil ainda não tem tecnologia para reaproveitar placas eletrônicas, que acabam sendo exportadas para Canadá, Bélgica, Alemanha, Japão e Cingapura, onde metais preciosos são recuperados.
"Fazemos a trituração e a separação de metais ferrosos, cobre e alumínio. Dos dez passos necessários, fazemos três. Em breve, vamos ampliar para sete", diz Cubo.
A Nat.Genius, unidade de negócios para logística reversa da Embraco (que faz compressores para refrigeração), processou quase 11 mil toneladas de material nos últimos dois anos.
"Recebemos todos os tipos de eletroeletrônicos e aplicamos processos de engenharia para reutilizar tudo. Nada vai para os aterros", afirma Luiz Berezowski, gerente sênior do Nat.Genius, que tem duas fábricas em Joinville (SC) e 70 funcionários.
Houve aumento de 39% na reciclagem de aço e 30% na de plásticos entre 2015 e 2016. "Peças com até 30 anos de uso viram matéria-prima para ventiladores, exaustores e até espremedores de suco."
A Nat. Genius também é procurada por fabricantes para discutir como projetar produtos mais fáceis de reciclar no futuro. Também presta consultoria sobre redução dos custos de reciclagem. "É olhar o resíduo como valor. E não como algo que incomoda e que deve ser despachado para o aterro sanitário."
O executivo destaca que, além de questões tributárias e de falta de incentivo, há dificuldades logísticas para fazer a reciclagem "pegar" no país. "Buscar materiais no Acre é diferente de buscar em SP", afirma Berezowski.
Para ele, há também necessidade de mudar comportamentos para conquistar o engajamento do consumidor.
Uma das soluções defendidas pelo Instituto Gea, que trabalha com catadores, é que os municípios se envolvam no processo de reciclagem, o que inclui a criação de pontos de coleta e a formalização e qualificação de cooperativas para colaborar nessas mudanças.
"São mais de 5.000 municípios no país. A criação de pontos municipais de coleta, em parceria com as cooperativas, facilitaria o escoamento do material e geraria renda", diz Ana Maria Luz, presidente do instituto.
O Brasil precisaria investir cerca de R$ 12 bilhões até 2031 para criar uma estrutura adequada para dar destino apropriado a todos os tipos de resíduos sólidos de todos os segmentos, incluindo eletrônicos, segundo um estudo da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) em parceria com a consultoria GO Associados.
Para bancar os custos de construção e manutenção de usinas de reciclagem no país, outros R$ 16 bilhões por ano seriam necessários.

FSP, 07/10/2017, Seminários Folha, p. 6

http://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2017/10/1924766-empresas-s…

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