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Empresas e entidades ajudam índios a recuperar suas raízes

Correio do Tocantins-Palmas-TO
Autor: Chagas Filho
02 de Ago de 2002

Um Workshop sediado em Marabá, na manhã de terça-feira, que reuniu representantes de empresas, entidades e do poder público, além de uma comitiva de índios Kyikatêjê, traçou as primeiras metas para um projeto de desenvolvimento sustentável da aldeia Amtàti, onde moram esses índios, que hoje somam apenas 200 pessoas divididas em 42 núcleos familiares. Quem promove o projeto é a Extensão Amazônia, uma organização não governamental, e quem patrocina é a própria Associação Indígena Gavião Kyikatêjê e a Companhia Vale do Rio Doce.

De acordo com George Thomas, diretor presidente da Extensão Amazônia, o Workshop foi uma atividade intermediária de um programa maior que é a elaboração de um plano de desenvolvimento sustentável para a aldeia Kyikatêjê Amtàti, que é uma das aldeias dos índios Gavião, nesta região, situada no Km 25 da BR-222, no município de Bom Jesus do Tocantins.

Segundo ele, o projeto iniciou-se em maio passado e deve ser concluído em 9 de outubro; durante esse período está sendo feito um grande diagnóstico da situação dos índios e depois deve ser iniciada a estruturação de programas e projetos, finalizando com a elaboração de um documento com todo o histórico dos índios e outros planos programas.

George Thomas explica que a partir de então a associação indígena ficará apta a captar recursos em nível nacional e internacional para dar prosseguimento ao projeto. Segundo ele, o objetivo principal da etnia Kyikatêjê é resgatar a questão cultural, porque durante muito tempo ficaram juntos com os índios Parkatêjê, que é outra etnia gavião, mas ano passado resolveram se separar.

Embora os Kyikatêjê Amtàti tenham sido os últimos índios gavião a ter contato com o homem branco, demonstraram interesse em se organizar para não serem extintos e por isso procuraram a CVRD e a Extensão Amazônia para desenvolver o projeto.

A Extensão Amazônia é uma ONG criada inicialmente para trabalhar com colonos, tendo o Incra como grande parceiro em vezes anteriores, e sendo esta a primeira experiência com povos indígenas. Aliás, é muito provável que esta experiência seja pioneira em todo território nacional.

Presente ao evento, o segundo cacique dos Kyikatêjê Amtàti, Pepkakte J. Ronore Komcarti, conhecido como Zeca Gavião, disse que seu povo vem tentando buscar parcerias para viabilizar a situação da tribo porque se trata de um grupo que está começando a ganhar espaço. "Hoje os objetivos só são alcançados com planejamento", observa Zeca.

Segundo ele, os Kyikatêjê vivem hoje numa área de 62 mil ha, espaço considerado pequeno por ele, por isso o índio explica que é preciso fazer um projeto para não degradar esse espaço hoje tão reduzido. "Temos que manter o equilíbrio ecológico, mas queremos levar duas questões juntas: o desenvolvimento e o resgate cultural", ponderou o cacique.

O nome Kyikatêjê significa "povo da montante do rio", enquanto Parkatêjê quer dizer "povo da jusante". As duas etnias fazem parte da tribo Gavião, que aliás recebeu este nome porque quando do primeiro contato com o homem branco, os índios chamaram atenção por usarem muitas penas de gavião em suas vestes, segundo explicou Zeca Gavião.

Além da CVRD, participaram do Workshop a Apito - Associação do Povos Indígenas -, Secretaria de Saúde de Bom Jesus do Tocantins, Funai, Funasa, Secretaria Executiva de Agricultura, CTA, Cimi - Conselho Indigenista Missionário -, Secretaria Especial de Proteção Social, Seduc e Sebrae.

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