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Empresa poluidora volta a contaminar rio

O Globo, Rio, p. 18
06 de Nov de 2010

Empresa poluidora volta a contaminar rio
Inea reclama de despejo acima do autorizado e Cedae diz que turbidez da água do Pomba aumentou 5 vezes

Cláudio Motta

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) denunciou ontem o lançamento de dejetos químicos do reservatório da Mineradora Cataguases no Rio Pomba, em Minas Gerais. O rio é afluente do Rio Paraíba do Sul e abastece as regiões Norte e Noroeste do estado. De acordo com o presidente do Inea, Luiz Firmino Martins, a captação de água pela Cedae no Rio Pomba está registrando índice de turbidez cinco vezes acima do normal. O estado quer o fim do lançamento de poluentes no local. O Inea vai acompanhar hoje uma fiscalização que deverá ser feita pela Agência Nacional de Águas (ANA), com técnicos do Instituto Mineiro de Gestão das Águas de Minas (Igam).
O reservatório da Cataguases tem um histórico de problemas ambientais. O primeiro grande vazamento de produtos químicos foi em 2003, provocou um dos maiores acidentes ecológicos do país, atingindo oito municípios do Norte-Noroeste Fluminense. Houve novo rompimento da barragem em 2007, com despejo de lama misturada com dejetos químicos do reservatório.
- Descobrimos que a ANA deu a outorga para o despejo em pequenas quantidades, cem metros cúbicos por hora, no Rio Pomba. Entramos em contato com a agência, que mandou reduzir o fluxo para 30 metros cúbicos por hora. Estevemos em Minas e encontramos vazões direto da barragem, além do tubo com a emissão controlada. O despejo é muito maior do que o outorgado - afirmou Firmino.
O presidente da Cedae, Wagner Victer, disse ter sido necessário diminuir a captação de água em diversos pontos por conta do aumento da turbidez.
Ele reclama, ainda, da falta de aviso de que haveria o despejo de poluentes no rio.
- O lançamento tem que ser coordenado com o órgão ambiental do estado e com a companhia de água. Isso afeta a região Norte e Noroeste do estado, mas não causará prejuízo à distribuição de água. Tivemos que atuar não em função de um planejamento, mas reagir a uma situação inesperada. É um absurdo. Estamos contabilizando gastos e perdas - disse Victer.
A proposta de Minas é purgar a barragem de Cataguases numa vazão pequena até esvaziar o reservatório. Os rompimentos e transbordamentos, sobretudo com as chuvas de verão, são grandes problemas ambientais.
Há pelo menos um ano a proposta está sendo discutida com o Inea e a ANA. Há estudos considerados sérios pelo Inea mostrando que a diluição de pequenas quantidades de contaminantes seria viável.
- Pior é ficar com a bombarelógio, uma vez que tratar todos os contaminantes contidos na barragem tem um custo muito alto, é inviável. É um tratamento químico complexo, não resolve o grande passivo ambiental. Discutimos muito essa proposta da diluição, exigimos um monitoramento pesado e a diluição ínfima, porque quem vai sofrer é o estado do Rio de Janeiro - explica Firmino.
O presidente do Inea não se diz contrário à diluição dos contaminantes em pequenas quantidades. Ele alega que o pedido da suspensão dos lançamentos é uma precaução técnica em função do aumento da turbidez na captação de água da Cedae: - Se voltar a fazer a diluição, tem que ser com parâmetros.
O despejo acima do outorgado está errado de cara.
O GLOBO não conseguiu localizar representantes da ANA e do Igam.

O Globo, 06/11/2010, Rio, p. 18

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