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Empresa do Ceará começa a colher melão orgânico

GM, Rede Gazeta do Brasil, p. B11
16 de Jan de 2004

Empresa do Ceará começa a colher melão orgânico
Bonafrux Agrícola inicia esta semana a colheita de 20 toneladas de fruta, que serão embarcadas para o mercado europeu.

A Bonafrux Agrícola Ltda., empresa com sede em Fortaleza, inicia esta semana a colheita de 20 toneladas de melão orgânico, do tipo amarelo (Yellow Honeydew), cultivado na área irrigada do Baixo Acaraú, a 250 quilômetros da capital. O produto tem como destino o mercado europeu, numa operação que começou no dia 5 com o embarque experimental das primeiras 20 toneladas, informa o presidente da empresa, Flávio Pinto, que atua ainda na área de cobrança, por meio da Conecte, também instalada na capital cearense.

A Bonafrux cultiva hoje dois hectares de melão dos 240 hectares, implantados no Baixo Acaraú, com produtividade média de 20 toneladas por hectare (os tradicionais rendem em média 26 toneladas por hectare). "A proposta é trabalhar somente com orgânicos", diz. O fruto colhido nas terras da empresa tem certificação do Instituto Biodinâmico. Flávio Pinto observa que, do início do projeto até a primeira colheita - que rendeu frutos de casca dura, mas densos e com baixo índice de refugo - foram dois anos de estudos e pesquisas. "As informações sobre produção orgânica são escassas e ainda estamos desenvolvendo tecnologia e métodos de manejo e cultivo", diz o empresário, que contratou os serviços de consultoria da Fundação Mokiti Okada, empresa paulista especializada no setor.

Ampliação da área plantada

Os planos de Flávio Pinto, advogado de formação, que herdou do avô materno Humberto de Albuquerque Martins, agrônomo, e um dos pioneiros no cultivo de caju no Ceará, o fascínio pela agricultura, são de ampliar a área cultivada para até 20 hectares. "Se possível ainda este ano", assinala. O empresário já tem contatos com distribuidores do Canadá, Oriente Médio, Reino Unido e outros países europeus para a venda do melão orgânico. Ele avalia também as possibilidades de investir em outros tipos de cultura, como o abacaxi, alternativa mais viável no curto prazo, além do mamão.

O empenho, mais do que assegurar a expansão de mercado, vai permitir à Bonafrux reduzir os custos de produção. Segundo o empresário, o valor - pelo menos na fase inicial de cultivo do melão, que tem até dois ciclos por safra, dependendo da época de plantio - supera os 100% gastos com o fruto em sistema convencional. "Investimos cerca de R$ 35 mil por hectare plantado", adianta. A soma inclui de preparo da terra e insumos a equipamentos para irrigação.

Mercado interno

Um motivo a mais para destinar as primeiras remessas ao exterior é que o preço final ainda não compensa no mercado nacional. "Mas isso é uma questão de tempo; temos a convicção de que o aumento da produção vai permitir preços mais acessíveis", afirma Flávio Pinto, interessado em negociar com as redes de supermercados. A idéia do empresário é reunir os pequenos produtores da área em torno de uma associação e, com isso, assegurar volume maior de orgânicos. "Estamos em fase inicial de contatos, mas a intenção é repassar a experiência da Bonafrux aos agricultores interessados, pois esse mercado é promissor", afirma. Os planos de Flávio, que conduz a empresa em parcerias com os irmãos Eugênio (diretor de produção) e André (administrativo), contemplam a construção da primeira packing house específica para frutas orgânicas.

Cultura rentável

O coordenador de promoção da agricultura orgânica da secretaria da Agricultura e Pecuária do Estado (Seagri), Hermínio José Lima, diz que essa cultura, altamente rentável e valorizada no mercado externo, está em expansão no Ceará. "A principal vantagem em relação ao sistema tradicional é a não utilização de adubos químicos, inseticidas ou agrotóxicos, e de uso de técnicas de preservação ambiental no reflorestamento."

O Ceará concentra 4,846 hectares de melão em plantio convencional, que devem assegurar cerca de 126 mil toneladas do fruto em 2003, conforme levantamento preliminar da Seagri. Os números do exercício passado apontam evolução, se considerado 2002: 4.147 de área cultivada e 103 mil toneladas colhidas, diz o gerente de programas do Agronegócio da secretaria, Sérgio Baima. O melão, produto de melhor desempenho na pauta das exportações do setor, deve responder por cerca de US$ 19 milhões (FOB), do total de US$ 21 milhões estimados em negócios do segmento de fruticultura - 35% mais do que no exercício anterior. Em 2002, os embarques de melão chegaram a US$ 12,914 milhões.

De acordo com a Seagri, o Ceará ocupa a segunda colocação no ranking, de produção e exportação da fruta (atrás do Rio Grande do Norte), e tem boas chances de ampliar os negócios este ano. A expectativa é de que as exportações atinjam US$ 25 milhões em 2004. A área livre de mosca da fruta, conquistada no final do ano passado, anima os técnicos da Seagri a projetar reforço na comercialização. A expectativa é que as exportações de melão no exercício alcancem os US$ 25 milhões, dentro de um global de US$ 31,5 milhões, projetados para a fruticultura.

GM, 16-18/01/2004, Rede Gazeta do Brasil, p. B11

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