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Empresa de segurança privada fez retirada violenta de índios, que terminou com uma morte e um ferido

Cimi
10 de Jan de 2007

A expulsão, por agentes privados, das 50 famílias Guarani-Kaiowá que retomaram terras na região de Amambaí, no Mato Grosso do Sul, foi a causa da morte da indígena Kuretê Lopes, de aproximadamente 70 anos, e o ferimento de outro indígena.

Três pessoas da empresa de segurança contratada pelos fazendeiros foram intimadas a prestar declarações na próxima sexta-feira, na Policia Federal de Ponta Porá, segundo informação do delegado Fresneda, que acompanha o caso. A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar a morte e as lesões corporais.

O delegado afirma que estão sendo apuradas informações de que a retirada foi realizada por "jagunços e seguranças, muita gente fortemente armada".

Não havia pedido de reintegração de posse para a terra, o que faria com que uma possível retirada dos indígenas fosse realizada por determinação judicial e através da polícia.

O assassinato aumenta a lista dos Guarani mortos nos últimos anos por empresas de segurança particulares contratadas por fazendeiros e por jagunços. Entre os casos, estão a morte de Dorvalino Rocha, assassinado no dia 24 de dezembro de 2005 por homem contratado por uma empresa de segurança, em Ñanderu Marangatu, e de Dorival Benitez, morto por pistoleiros também durante conflito em retomada de terras, em junho de 2006.
Os Guarani querem enterro no local da morte

O corpo está sendo velado na aldeia Taquapiri, em Coronel Sapucaia. Os Guarani-Kaiowá querem que o sepultamento dela seja no local da morte, chamado Kurusu Ambá.

Na avaliação do procurador da República em Dourados, Charles Pessoa, os indígenas devem poder enterrar o corpo no local da morte. O delegado da Polícia Federal não autorizou o enterro no local, e o procurador afirmou que fará solicitação judicial.

Violência também afeta crianças

Na tarde de segunda-feira, homens armados passaram pela retomada, a mando de fazendeiros. Assustadas, crianças correram e uma delas desmaiou. A criança era filha de uma das lideranças da retomada, Francisco Fernandes. Ela foi socorrida e, segundo informações obtidas pelo Cimi, ainda estaria sendo tratada em Amambai.

Na tarde do mesmo dia, 12 índios da retomada foram presos em flagrante por roubo de um trator e de uma carreta, enquanto passavam por uma estrada vicinal, segundo informações do delegado da policia Civil de Amambaí, Marcelo Batistela Damasceno. Dos 12 presos, 4 foram reconhecidos pelo fazendeiro e continuam presos. Daí as acusações sobre roubo que circularam nos jornais de ontem, no Mato Grosso do Sul. No entanto, relatos de indígenas dão conta de que eles se dirigiam à aldeia mais próxima em busca de reforços para a retomada, depois da presença dos homens armados. A Policia Civil de Amambaí é responsável pelo inquérito.

Na terça de manhã, um grupo de pessoas armadas chegou em caminhonetes, com um caminhão e um ônibus para a retirada dos indígenas. A polícia não participou da retirada das pessoas da retomada. Ela foi realizada por agentes privados, contratados por fazendeiros. Durante a violenta retirada, os Guarani foram colocados à força no ônibus, Valdecir Ximenez, 22 anos, foi ferido por um tiro na perna e Kuretê Lopes morreu com um tiro no peito.

As cerca de 50 famílias da ocupação foram levadas no caminhão e no ônibus. De acordo com informação do delegado da Policia Civil em Amambaí, elas foram deixadas na Foram deixados na beira da estrada e seguiram para a aldeia mais próxima, chamada Taquapiri, de onde haviam saído as famílias.

Contexto
Cerca de 50 famílias Guarani retomaram a área na tarde de sexta-feira, 6 de janeiro. A região da retomada está situada entre 4 Tekohá (terra tradicional Guarani), e atualmente é chamada de fazenda Madama, é localizada entre os rios Takuaperi e Amambaí. Segundo informações do escritório do Cimi no Mato Grosso do Sul, já houve estudo preliminar sobre a terra reivindicada, feito pelos antropólogos para a Funai

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