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Emergentes tem fome de energia

JB, Economia, p.A17
27 de Out de 2004

Emergentes têm fome de energia
Demanda crescerá 60% até 2030, puxada pela procura dos países em desenvolvimento. Brasil trocará hidrelétricas por gás

A demanda mundial de energia crescerá 60% até 2030, puxada pelo petróleo e o combustível responderá por 85% do aumento da procura mundial. Dois terços dessa demanda serão consumidos por países em desenvolvimento, liderados pela China, e no qual se inclui o Brasil. A análise é da Agência Internacional de Energia (AIE), que colocou o Brasil na 24ª posição, entre 75 emergentes, no índice de desenvolvimento energético.
Segundo a BBC Brasil, os primeiros lugares desse ranking são de Bahrein, Kuwait e Antilhas Holandesas. O índice tem como objetivo mostrar a evolução dos países em termos de desenvolvimento na geração de energia com combustíveis modernos.
''Decidimos introduzir esse índice aqui para encorajar a análise sobre o papel da energia como um fator de contribuição ao desenvolvimento e não apenas como uma simples conseqüência'', informou a AIE.
A agência estima que a produção de energia elétrica no Brasil cresça 3,1% ao ano até 2030. E o percentual da energia gerada por hidrelétricas será, até lá, transferida para o gás natural, caindo de 83% (2002) para 65%. A demanda no país deverá crescer 2,5%, em média, ao ano até 2030.
A agência informou ainda que o Brasil deverá se tornar auto-suficiente na produção de petróleo até 2010, contrariando as projeções da Petrobras, que fixou esta meta para 2006.
No informe Perspectivas Energéticas Mundiais de 2004, a AIE informa que a demanda por óleo cru crescerá 1,6% por ano até 2030, dos quais 70% serão usados para a elaboração de combustíveis para transporte.
O preço médio do barril importado, segundo estimativa da agência, cairá para cerca de US$ 20 em 2006 e subirá até US$ 29 em 2030, bem abaixo dos preços praticados atualmente. Ontem, o barril de óleo leve fechou o dia cotado a US$ 55,17 na Bolsa Mercantil de Nova York, o maior preço desde o último dia 22, quando bateu a mesma cotação. Se a cotação do barril ficar na média de US$ 35, a demanda estimada cairá cerca de 15% até 2030.
Em 26 anos, a demanda por óleo dos países asiáticos em desenvolvimento - como China, Índia, Indonésia, Malásia, Vietnã - atingirá 30 milhões de barris por dia, superando a procura do atuais líderes, Canadá e Estados Unidos, que consumirão 28 milhões/dia.
O estudo da AIE sobre demanda é baseado no crescimento econômico e da população. A agência estima que a expansão da economia mundial seja de 3,2% ao ano até 2030, e que a população cresça 1% no período, chegando a 8 bilhões de habitantes.
Sozinha, a China deverá consumir mais de 10 milhões de barris de óleo cru por dia em 2030 e terá mais de 100 milhões de veículos em circulação. A economia chinesa, segundo estimativa da agência, deverá crescer a uma média de 5% ao ano e ''provavelmente se tornará a maior do mundo em 2020''.

Mais usinas no papel
Samantha Lima
O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim, afirmou ontem que solicitará ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a inclusão de usinas que ainda não entraram em funcionamento por pendências jurídicas ou ambientais na previsão de risco de mercado para 2008. Relatório elaborado recentemente pelo ONS previu que, em cenário de alto consumo, o número de usinas existentes seria insuficiente, havendo risco de déficit de energia em quatro anos. Segundo Tolmasquim, que participou do Congresso Brasileiro de Energia, no Hotel Glória, o ONS teria sido conservador ao realizar a previsão, deixando de contabilizar usinas que, num curto prazo, poderão gerar energia.
Entre as usinas que já poderiam ser incluídas, o secretário citou as térmicas de Araucária (PR), com capacidade de geração de 484 MW, e Piratininga (SP), com capacidade de 400 MW, já prontas, e a hidrelétrica de Aimorés (MG), que estará pronta em três meses, quando gerará 400 MW. As restrições foram estabelecidas pela Resolução 109, de 2002, elaborada pelo Comitê Gestor da Crise Energética (GCE), que criou mecanismos de cálculo de custos do setor, além de normas para inclusão das geradoras na previsão de mercado.
- Teremos que nos reunir com o GCE para avaliar de que forma faremos essa inclusão - explicou Tolmasquim, que não descartou a hipótese de propor mudanças no texto da resolução.
O secretário disse, ainda, que serão promovidas alterações na organização do primeiro leilão de energia elétrica dentro do novo modelo do setor elétrico, previsto para 30 de novembro, ''para evitar conluio das empresas''. Em vez de funcionamento totalmente pela internet, como os realizados anteriormente, será utilizada a intranet, em local ainda não definido.

As previsões da AIE
Petróleo 85% da demanda será de combustíveis fósseis até 2030
Demanda A procura por petróleo crescerá 1,6% ao ano
Brasil Auto-suficiência do país em petróleo chegará apenas em 2010
Desenvolvimento Brasil ficou em 26o lugar – entre 75 países – no indicador que mostra a evolução dos emergentes na geração de energia com combustíveis modernos
Hidrelétricas Participação deste tipo de energia no Brasil cairá de 83% (2002) para 65% (2030)
Preço Cotação do barril de petróleo deverá chegar a US$ 20 em 2006, bem abaixo dos US$ 50 atuais

JB, 27/10/2004, p. A17

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