VOLTAR

Embrapa diz ter tecnologia para desenvolver agropecuária em RR

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
22 de Fev de 2003

Eduardo Morales: "Basta que seja definido o caminho a ser seguido"

No momento em que a sociedade organizada se prepara para discutir um projeto de desenvolvimento estratégico para Roraima, o chefe geral da Embrapa, Eduardo Alberto Vilela Morales, disse que a instituição tem tecnologias para desenvolver - em todos os níveis - o setor produtivo primário.
Ao relacionar iniciativas que podem apresentar resultado econômico satisfatório, acredita que êxito dependerá do efetivo envolvimento de cada entidade ou instituição participante, após se definir o caminho a ser seguido.
Eduardo Morales disse que a participação da Embrapa de Roraima no Fórum para o Desenvolvimento Estratégico de Roraima enfocará a geração e oferta de tecnologias voltadas ao desenvolvimento sustentável do setor rural. Elas são dirigidas três tipos de público: comunidades indígenas que tenham interesse em praticar a agricultura e pequenos produtores organizados que possam formar associação ou cooperativa e à produção empresarial.
Quanto à questão da assimilação de novas tecnologias para públicos que podem não estar preparados para recebê-las, o chefe da Embrapa admite que este é um ponto crítico a ser enfrentado. Porém, argumenta como vantagem o fato do fórum trabalhar em consórcio institucional, resultando na ação conjunta para avaliando a condição do pequeno produtor em adotar a tecnologia disponível.
"Esta atualização envolve não apenas a capacitação tecnológica na área da agricultura, mas, também, no processamento até a comercialização da produção, através de cooperativas ou associações".
OPORTUNIDADES - Dirigindo a questão para a agricultura empresarial, disse que a Embrapa recomenda a produção de grãos com destaque para arroz irrigado, com variedade pesquisada aqui que pode produzir 11 toneladas por hectare, além do cultivo de soja, com sementes também daqui com 4,2 toneladas por hectare, e milho híbrido de variedade pesquisada em Roraima que produz duas toneladas por hectare.
"Ainda para a agricultura empresarial poderia ser explorada a fruticultura irrigada, mais ou menos nos moldes utilizados no nordeste. Outra iniciativa que dá resultado tanto para o grande quanto para o médio e pequeno produtor é a piscicultura com visão empresarial", comentou Morales.
Segundo ele, o pensamento é oferecer alternativas de maneira pró-ativa para que os pequenos produtores e comunidades indígenas resgatem a cidadania e melhorem a qualidade de vida. Para o grande produtor, oportunidade de competir na economia global.
SOLO - Em linhas gerais e de maneira empírica, o chefe da Embrapa afirma que as terras do lavrado - apesar de pobres - têm uma vantagem: com baixa aplicação se corrige a acidez do solo. Disse que aplicar nutriente na cultura dá bom aproveitamento porque o solo é arenoso.
Outra vantagem é que a proximidade da linha do Equador, a radiação solar é maior e a fotossíntese forte. "Dada à cultura água e nutrientes, o rendimento da planta é muito alto. Pode-se desenvolver ainda o consórcio de lavouras com a pecuária, permitindo a produção do boi verde e o novilho precoce até para exportação".
Questionado se as alternativas não estariam direcionadas para quem tem maior capacidade de investimento, disse que a empresa oferece dois tipos de tecnologia, uma para manter a segurança alimentar e outra que pode ser vista como oportunidade de desenvolvimento social e econômico.
"Compete ao governo e aos órgãos desse fórum fazer com que as iniciativas sejam aceitas através do consórcio de instituições, cada uma responsável por um segmento. Se querem tecnologia de suficiência, nós temos. Se querem tecnologia de resultado empresarial, a Embrapa também tem. O que falta ser definido, depois de entendimento com pequenos, médios e grandes produtores, é o conjunto de soluções a ser implementado".
FLORESTAS - Para as áreas intermediárias de florestas tropicais úmidas - como no sul do Estado - ele aponta três ações de comprovado resultado. O manejo florestal madeireiro, já pesquisado pela Embrapa e pelo Inpa. Nas áreas alteradas, a produção florestal de espécies nobres e a produção de frutas amazônicas. "A condição essencial ao êxito destes projetos é que o pequeno produtor se organize com objetivo empresarial".
Eduardo Morales entende que a visão a ser estabelecida para Roraima é apenas questão de enfoque. Disse que para muitas pessoas aqui é o fim do Brasil, mas, ele acredita que seja o início considerando a proximidade do Caribe e dos Estados Unidos. "Com custos mínimos, poderemos aproveitar nossas potencialidades para tudo, inclusive para exportação. O norte argentino produz feijão para o Brasil e o Brasil não cultiva produtos para exportação para o Caribe, por exemplo".

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.