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Em SC, polícia apreende armas de fogo com caingangues

OESP, Nacional, p.A10
18 de Fev de 2004

Em SC, polícia apreende armas de fogo com caingangues
Cacique avisa que tribo ainda tem arcos e flechas e hoje chegará reforço de 200 pessoas ao movimento

JENI JOANA ANDRADE - Especial para o Estado

FLORIANÓPOLIS - O risco de conflito entre caingangues e fazendeiros no Oeste de Santa Catarina deve aumentar hoje com a chegada de 200 índios que deverão juntar-se a outros 200 que estão bloqueando a estrada que dá acesso à localidade de Toldo Embu, em Abelardo Luz, município a 574 quilômetros de Florianópolis. Em meio ao protesto que começou no fim de semana, um fazendeiro foi morto e seis pessoas foram feitas reféns na madrugada de segunda-feira. O cacique Albari Santos prevê a chegada dos índios vindos de Mangueirinha (PR) e de Chapecó (SC) ainda hoje.
Ontem, o grupo de índios que já está no local foi desarmado pelas polícias Militar e Federal. "Eles tiraram nossas armas de fogo, mas ainda temos nossos arcos e flechas", avisou Santos. Espingardas e revólveres foram apreendidos na casa de um dos índios, que foi detido. Os caingangues exigem a demarcação de 2 mil hectares de terras que seriam de seus antepassados e foram vendidas a colonos. O processo tramita no Ministério da Justiça, que já avisou que vai cumprir todas as seis etapas necessárias ao reconhecimento de terras indígenas, sem ceder às pressões.
O advogado do Sindicato dos Empregadores Rurais de Abelardo Luz, Sérgio Dalben, o vereador Carlos Senes Pinto (PFL) e os agricultores Arginei José Vaz e José Trevisan foram os reféns liberados na noite de segunda-feira (outros dois homens já haviam sido soltos pela manhã). Os quatro ainda conseguiram participar na mesma noite do sepultamento do fazendeiro Olices Stefani, o presidente do Sindicato dos Empregadores Rurais da cidade morto no conflito da madrugada.

Mato Grosso do Sul - Em Japorã (MS), os índios caiovás-guaranis romperam ontem mais um acordo que haviam fechado com os fazendeiros da região e reverteram a decisão de autorizar a retirada dos animais que eles próprios tomaram dos produtores durante as invasões das 14 fazendas situadas entre Japorã e Iguatemi, no extremo sul de Mato Grosso do Sul, a 457 quilômetros de Campo Grande.
Na semana passada, os caciques que comandam as invasões decidiram devolver os burros, cavalos e bois que foram levados para a Aldeia Porto Lindo, em Japorã. A retirada foi iniciada no sábado, mas, no domingo, os índios disseram estar arrependidos e impediram a saída da aldeia de quatro cavalos.
Houve reação dos empregados da fazenda que levavam os animais e o índio Décio Leme, 38 anos, levou um tiro. Na confusão, um índio ainda não identificado desfechou golpe de facão em uma mulher com 68 anos de idade, que sofreu corte profundo no ombro direito.
Ontem pela manhã, os índios recolheram os 4 cavalos levando-os de volta para a aldeia. Segundo os cálculos dos donos das fazendas invadidas, mais de 500 bois nelore estão na Aldeia Porto Lindo. Das 14 propriedades rurais invadidas, onze foram desocupadas e três ainda estão invadidas pelos caiovás, que armaram barracas de lona plástica nas proximidades do Rio Iguatemi.
Por determinação do secretário de Segurança Pública, Adalberto Nogueira Filho, uma guarnição da Polícia Militar está mantendo plantão 24 horas por dia na entrada principal de Aldeia Porto Lindo. (Colaborou João Naves de Oliveira, especial para o Estado)

OESP, 18/02/2004, p.A10.

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