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Em paz com a biodiversidade

Veja, p. 80
08 de Dez de 2004

Em paz com a biodiversidade

Pesquisa inglesa conclui que a diversidade da vida é normal nas lavouras geneticamente modificadas
Os alimentos geneticamente modificados são apresentados em campanhas ambientalistas como uma ameaça potencial à biodiversidade em torno das plantações. O resultado de um dos maiores estudos científicos já realizados na Europa acerca do impacto das lavouras transgênicas sobre o meio ambiente mostra uma realidade diferente. Além de não constatarem degradação do solo, os cientistas ingleses responsáveis pelo trabalho apontaram vários benefícios potenciais para os agricultores no uso de sementes modificadas. Na pesquisa, conduzida durante quatro anos pelo projeto Bright (sigla em inglês para implicações rotativas e botânicas da tolerância a herbicidas geneticamente modificados), foram examinadas variedades de beterraba e de canola geneticamente manipuladas para resistir ao uso de determinados herbicidas. A conclusão foi a de que, se cultivadas em sistema de rotação com lavouras convencionais, as plantas modificadas não exaurem o solo das sementes necessárias para a alimentação de pássaros e da vida silvestre em geral.
"Mostramos que, no caso dessas duas culturas, há formas de manejá-las que são bastante práticas", diz o coordenador do estudo, o inglês Jeremy Sweet. "Portanto, parece haver boas razões para que agricultores se interessem em cultivar sementes transgênicas." O resultado entra em confronto com outro estudo inglês, conhecido como FSA (estudo em plantações em larga escala, na sigla inglesa), divulgado há oito meses, que encontrou menor quantidade de abelhas e borboletas em torno de plantações de beterraba transgênica do que em área próxima plantada com a variedade natural. Não chega a ser uma condenação do transgênico, porque o milho modificado mostrou-se mais amigável para com a biodiversidade que seu primo convencional, de acordo com o mesmo estudo. A aparente contradição nas conclusões decorre, em parte, de objetivos e metodologia diferentes. O FSA comparou as variedades modificadas e convencionais numa única safra. O Bright procurou refletir as práticas agrícolas normais em cada plantação em várias estações, para saber como os transgênicos se comportariam se fossem integrados à agricultura inglesa.
A introdução de plantações transgênicas é restrita na União Européia. Uma pesquisa realizada no ano passado revelou que mais da metade da população da Inglaterra é contra a introdução de lavouras transgênicas no país. "A imagem dos transgênicos na Europa é muito ruim e vai levar tempo até que isso mude", diz o superintendente de pesquisa e desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Geraldo Eugenio França. "Mas, à medida que mais produtos geneticamente modificados forem usados, e mais pesquisas feitas, as resistências aos transgênicos certamente vão diminuir."

Veja, 08/12/2004, p. 80

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