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Em nome do turismo, ribeirinhos matam menos tartarugas na Amazônia

Época - http://colunas.epoca.globo.com
Autor: Aline Ribeiro
13 de Ago de 2010

O tracajá é mesmo um felizardo, ele vive no chamado Caribe brasileiro. Sua casa é à beira do rio Tapajós, no lugarejo de Alter do Chão, no Pará. Fica no meio da selva amazônica e foi eleito pelo jornal inglês The Guardian como a praia mais bela do país, à frente de maravilhas incontentáveis como Fernando de Noronha e Jeriquaquara.

Os tracajás seriam ainda mais sortudos se fossem menos saborosos. Dizem os moradores da região que o gosto de sua carne é inigualável. Seus ovos são igualmente cobiçados.

Para ajudar a preservá-los, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), com o apoio da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, decidiram investigar o comportamento do animal. Dele e de outros quatro tipos de quelônios que vivem na Amazônia. "Fizemos um levantamento das espécies do lago, do padrão de distribuição, dos ambientes em que vivem", diz Rachel Ullmann Leite, coordenadora do estudo. "Quanto mais os conhecemos, mais fácil fica entender a importância de conservar as praias onde desovam e seus ninhos".

Durante um ano, os cientistas literalmente mergulharam no Lago Verde para capturar exemplares do bicho. Mediram, pesaram, identificaram e soltaram cada um deles. A pesquisa serve para entender como a espécie se comporta, por que áreas costuma nadar, qual é o tamanho da população.

Os cientistas estão de olho também nos hábitos dos ribeirinhos que apreciam a iguaria. Bateram à porta de alguns deles para saber quem já experimentou a delícia - e descobriram algo revelador. Os moradores da comunidade que trabalha com turismo regional comem quatro vezes menos tartaruga do que os da comunidade não envolvida com essas atividades. Por razões óbvias: as pessoas economicamente ligadas às belezas locais têm uma mentalidade mais preservacionista. Seu ganha-pão depende da natureza.

Parte dos ribeirinhos deixou de matar tartaruga. Primeiro porque a fiscalização aumentou. Segundo porque eles perceberam que os quelônios são chamarizes dos visitantes. Quem vai à Amazônia quer, sim, ver árvores. Mas quer também observar passarinhos, ver botos e, por que não, tartarugas. Os povos da floresta começam a entender o valor da biodiversidade.

http://colunas.epoca.globo.com/planeta/2010/08/13/as-tartarugas-os-ribe…

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