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Em discurso, Lula promete voltar à aldeia

Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/
Autor: Andrezza Trajano
20 de Abr de 2010

Em seu discurso durante a festa da homologação, distribuído ontem no final da tarde pela assessoria do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que ainda "há muito que ser feito pelos povos indígenas", pediu que o governo estadual mantenha a iluminação elétrica instalada na região por ocasião do evento e prometeu voltar a Maturuca em 19 de setembro, na companhia do ministro da Saúde e do presidente da Funai, para ver de perto que melhorias foram feitas na região.

Ele disse que evitou vir durante parte de seu mandato à terra indígena Raposa Serra do Sol em razão da divergência estabelecida no Estado por causa da demarcação da reserva.

Reiterou seu posicionamento pela manutenção de forma única da área de 1,7 milhão de hectares ao norte de Roraima, onde vivem cerca de 20 mil índios de oito etnias. "Aqueles que ainda continuam dizendo que tem muito pouco índio para muita terra e aqueles que, como eu, acham que os índios têm pouca terra, se levarmos em conta que o Brasil todo era deles, há 500 anos".

Ao lembrar que a demarcação da reserva não iniciou em seu governo, destacou que mesmo assim sofreu várias retaliações, a ponto de serem colocados outdoors em Boa Vista repudiando a presença dele e do então ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos na cidade.

"Era como se nós fôssemos o demônio, porque diziam que a gente iria tirar a terra que Roraima precisava para produzir. Um estado com tanta terra ainda sem produzir, alguns queriam exatamente a terra que não era deles, que era dos índios", ponderou, observando que sempre buscou o diálogo, mesmo quando podia mandar o Exército desocupar as terras onde estavam os arrozeiros. "Que aqueles que queriam plantar arroz plantassem em outro lugar", acrescentou, ao observar que no início do ano passado repassou 6 milhões de hectares ao Estado justamente para compensar o estado e atender arrozeiros e pecuaristas.

Lula disse ainda que está disposto a ajudar os não-índios que saíram da reserva e que uma de suas das ações neste sentido foi legalizar as terras de Roraima (6 milhões de hectares), que antes era "praticamente um estado ilegal", já que quase todas as terras pertenciam ao governo federal.

Ressaltou que "os índios estão muito felizes com a demarcação da Raposa Serra do Sol, com a decisão da Suprema Corte", ignorando a insatisfação dos indígenas que integram a Sodiurr (Sociedade em Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima), que defendiam a convivência entre índios e não-índios na reserva.

"A gente começa a descobrir que os índios estão muito mais sabidos do que a gente pensa. Muito mais sabidos. Eles me entregaram com uma mão um documento agradecendo e me entregaram com a outra mão vinte documentos reivindicando. Isso demonstra que quem tem a pele branca e mora lá em Brasília e pensa que é esperto vai cair do cavalo cada vez que for negociar com os nossos companheiros", disse, referindo-se à criação da Secretaria de Atenção à Saúde Indígena, vinculada ao Ministério, tirando esta atribuição da Funasa.

Pediu ao presidente da Funai, Márcio Meire, para que no mês de maio seja apresentado um levantamento sobre a situação da energia elétrica na Raposa Serra do Sol. "Eu fiquei sabendo agora o seguinte: aqui não tem luz elétrica, então, foi colocada essa luz emergencial. Na hora em que eu virar as costas vocês vão ficar no escuro outra vez. Ou seja, era como se eu fosse um vaga-lume. Eu já pedi para o companheiro Jucá [senador roraimense, líder do governo no Senado] ligar para o governador [Anchieta Júnior] e dizer para deixar essa luz, porque eu, chegando em Brasília, vou mandar o ministro de Minas e Energia vir aqui para resolver esse problema", enfatizou, acrescentando a reestruturação que a Funai está passando e que deve beneficiar ainda mais os índios.

Ao finalizar o discurso, prometeu retornar a Maturuca no dia 19 de setembro para verificar se houve melhorias na vida dos índios. "Mais ou menos lá para o dia 19 de setembro, anotem na agenda de vocês aí, anotem na agenda. Eu, o ministro Temporão e o nosso querido presidente da Funai voltaremos aqui para saber de tudo o que nós falamos, o que vai estar acontecendo de verdade, ou se eram só palavras", finalizou sendo ovacionado pelos índios. (Leia o discurso na íntegra no site da Folha, www.folhabv.com.br)

http://www.folhabv.com.br/fbv/noticia.php?id=84612

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