Em busca de terra mais fértil

A chegada de parte da tribo causou tanta preocupação na cidade que o cacique Uakanan Tiarunã teve que ir à Câmara Municipal, para tranqüilizar prefeito e vereadores sobre a pretensão da tribo, que conta com o aval da Fundação Nacional do Índio (Funai). O técnico indigenista de Governador Valadares, Ronaldo Pereira Batista esteve ontem na fazenda de Caldas e disse que a tribo, há três anos, reivindica uma terra para morar. Ele esclareceu que havia outra opção para a tribo, em uma fazenda em Pains, mas, por causa de uma ocupação antiga e irregular de oito famílias de lavradores naquela localidade, a Funai achou mais fácil conseguir a fazenda de Caldas. A propriedade, que pertenceu ao município, foi doada, em 1949, pelo então prefeito Guerra Paixão, para o governo federal. A exigência era a instalação de uma escola rural. O prefeito atual, Dirceu Painha, disse ter ficado preocupado com a ocupação de surpresa , e argumentou que pretendia desenvolver a fruticultura no local, através de um convênio com a Epamig. Mesmo assim, mostrou-se solidário e levou legumes de sua empresa particular para os recém-chegados. Apoio Essa ajuda que recebemos é para não acabar de morrer de fome , disse o cacique UaKanan Tiarunã, referindo-se ao apoio que recebe da Funai. Segundo ele, o órgão federal repassa R$ 1.700,00 para 58 pessoas da tribo, além de pagar aluguel de quatro casas e também custear a energia elétrica. Esse apoio, que é uma obrigação, é a mola-principal e a porta na qual batemos , disse. Acostumado a enfrentar dificuldades e desbravar sertões, o cacique saiu com seu grupo de Alagoas em 1984, em busca de lugares com terras mais produtivas. A Funai comprou para a tribo uma fazenda na região de Paulo Afonso, na Bahia, onde ela ficou 18 anos. Por causa da forte seca que durou quatro anos, venderam tudo, pagaram dívidas bancárias e partiram para São Gotardo, no Triângulo Mineiro. Agora pretendem deixar a região, onde ficaram três anos, para se instalar definitivamente em Caldas. (ES)