Folha do Amapá-Macapá-AP
Autor: ANDRÉA ZÍLIO
22 de Fev de 2002
ONG The Amazon Conservation visita as aldeias com o intuito de resgatar origens e documentar a história dos povos indígenas
Representantes da organização não-governamental The Amazon Conservation (ACT) visitaram sábado passado o Parque do Tumucumaque - que abrange as tribos Apalai, Waiana, Tyrió e Kaxuiana - para apresentar aos povos indígenas o projeto que criará um mapa cultural do local e seu povo, com intuito de resgatar as origens e documentar a história e sabedoria dos índios, para que não sejam esquecidas.
Além do Brasil, a ACT realiza esse trabalho em países como a Colômbia, Suriname, Costa Rica e México. Segundo o coordenador de Programa do projeto, Vasco Van Roosmalen, a ONG dá assistência aos povos indígenas com o objetivo de preservar a cultura, a saúde, o território e sua biodiversidade. No Amapá, o projeto contará com uma equipe que terá a participação de oito a dez brasileiros.
Vasco conta que no Suriname, onde o projeto está em andamento, a situação é diferente do Brasil. Os índios não tinham demarcação das áreas e as terras não eram reconhecidas por parte do governo. A ACT recebeu o pedido
Vasco Van Roosmalen:
à procura das informações
culturais
deles para que os ajudassem a construir os mapas cultural e de demarcação. Ele explica que aqui há parte dessa demarcação, mas falta o lado cultural, com o nome deles, língua, locais de caça e pesca, lugares que consideram sagrados, etc. E é isso que pretendem proporcionar às tribos.
Na apresentação do projeto às comunidades, os índios se mostraram a favor. Agora o levarão a outras vilas para que tenha o consentimento de todos. Em seguida, a ACT, em parceria com a Funai (que é o elo entre a organização e as tribos), fará a parte do projeto que inclui os dados de demarcação. Os índios receberão a capacitação, assistência e estrutura da ACT, ou seja, a ajuda financeira e apoio técnico.
As tribos utilizarão o conhecimento que têm da cultura do povo e coletarão os dados para que eles próprios façam o mapeamento cultural, decidindo o que será incluído e os nomes e símbolos a serem usados. Vasco diz que é importante que eles façam esse trabalho por conhecerem a história do seu povo, das tribos, e isso servirá para que possam expor o conhecimento deles para que não percam sua identidade. Explica que "os únicos mapas feitos dessa região foram todos por brancos e colocou-se apenas o que eles queriam. Dados de cultura ficaram de fora. Agora terão a oportunidade de fazer um mapa com todos os dados importantes para a cultura".
Esses mapas, segundo o coordenador, poderão ser usados com bastante utilidade em negociações, projetos e, principalmente, nas escolas indígenas, onde a nova geração também aprenderá o conhecimento das antigas.
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