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Eleita pela comunidade

A Gazeta - Cuiabá - MT
16 de Abr de 2001

Jeovail Amajunipá é o mais jovem cacique da etnia umutina. Foi escolhido para comandar e cuidar da sua tribo tendo apenas 25 anos, quando a média de idade para tal, segundo as tradições, é de 45 anos para mais. Ele explica que as mudanças do tempo atingiram rapidamente a sua tribo, o que explica também a sua eleição como cacique. "Em outros tempos, seria apenas um aprendiz dos mais velhos". Os problemas combatidos por ele são diversos e passam inclusive pela preocupação com o contágio da Aids e o consumo de drogas entre os mais jovens da aldeia. "O mundo está cada vez mais atualizado. Era importante para a aldeia que o cacique escolhido fosse alguém que soubesse ler", explica Jeovail, que tem o segundo grau completo e pretende entrar para a universidade indígena de Mato Grosso. Tão jovem, Jeovail assumiu as responsabilidades mais pesadas que uma pessoa pode ocupar dentro de uma tribo. Ele conta que, como cacique, uma de suas suas principais obrigações é obter gasolina para percorrer de barco os rios que circulam a aldeia, fiscalizando a área, que é uma das poucas reservas indígenas demarcadas no país, e evitando a entrada de possíveis caçadores ou invasores. Também precisa conseguir combustível para o único trator da aldeia, essencial para gradear a terra e deixá-la pronta para o próximo plantio, garantindo a alimentação das 329 pessoas que moram lá. Outra inquietação de Jeovail é em relação às drogas. Segundo ele, a possibilidade de jovens índios se envolverem com drogas está cada vez maior, o que tem representado uma ameaça para o seu povo. Ele teme que jovens índios sejam induzidos ao consumo de drogas, principalmente nas cidades, quando o contato com pessoas estranhas é maior. Jeovail conta ainda que os jovens da tribo também saem para ir a festas na cidade. "Muitas pessoas não tem boa intenção, por isso, me preocupa o envolvimento deles com todo tipo de droga, principalmente a maconha. Sempre que agentes de saúde passam pela tribo, peço a eles para falarem sobre as drogas com a comunidade. Também sobre a importância de se usar o preservativo, porque a Aids e as DST (doenças sexualmente transmissíveis) nos preocupam bastante".

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