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Eficiência energética ganha espaço nas empresas

OESP, Economia, p. B13
15 de Jul de 2009

Eficiência energética ganha espaço nas empresas
Programas de uso racional de energia se tornam parte da gestão estratégica das companhias

Andrea Vialli

A crise financeira, a necessidade de reduzir custos e as preocupações com sustentabilidade e com o suprimento de energia no longo prazo estão ampliado o mercado no Brasil para as empresas que realizam projetos de eficiência energética, conhecidas como escos. Em 2008, o setor faturou R$ 1,4 bilhão, um aumento de 35% em relação a 2007. Para este ano, o salto deve chegar a 70%.

As escos começaram a ganhar espaço com o apagão energético de 2001, quando o setor privado se viu às voltas com a necessidade de economizar energia. "Agora, a eficiência energética está sendo incorporada à gestão das companhias. Hoje é um movimento mais estrutural, não para remediar uma situação pontual de falta de energia", diz Maria Cecília Amaral, diretora executiva da Abesco, a associação que reúne as empresas do setor e que realiza, na semana que vem, o sexto Congresso de Eficiência Energética, em São Paulo. Segundo ela, o potencial de mercado para essas empresas é ainda maior, uma vez que o País perde, todo ano, R$ 17 bilhões com o desperdício de energia.

A seguradora Porto Seguro é uma das empresas que precisou economizar energia na época do apagão e que transformou a necessidade em um programa mais abrangente de eficiência energética. Em 2001, a empresa começou a fazer , com a ajuda de uma esco, a Nittoguen, o mapeamento do consumo de energia em sua sede, no bairro de Campos Elísios, em São Paulo, onde trabalham cerca de 4,5 mil pessoas.

"Descobrimos que o ar condicionado e o sistema de iluminação do prédio, que tem mais de 50 anos de construção, estavam consumindo energia demais", conta Adriano Almeida, coordenador do setor de obras e projetos da Porto Seguro.

Uma vez detectado o problema, os passos seguintes foram modernizar as instalações elétricas, trocar os equipamentos obsoletos e, num segundo momento, expandir as reformas para os demais imóveis da empresa - 260 em todo o Brasil. O investimento de R$ 3 milhões se pagou em três anos, com uma economia de energia da ordem de 20% em relação a 2001.

"Os resultados foram surpreendentes", diz Almeida. De 2001 até hoje, a empresa conseguiu registrar uma economia anual de 900 megawatts/ano, o equivalente à produção de uma pequena central hidrelétrica. "Quem envereda por esse caminho da eficiência energética acaba gostando."

EXPANSÃO

Um outro fator que tem impulsionado a atuação das escos é a lei da eficiência energética (Lei 10.295/01), que prevê que as concessionárias de energia elétrica destinem 0,5% de sua receita líquida para projetos de uso racional de energia. Grande parte desses projetos está voltada para famílias de baixa renda. São programas de troca de geladeiras antigas e de regularização de instalações elétricas em favelas e palafitas.

A MGD Engenharia, de São Paulo, é uma das escos que têm realizado projetos desse tipo, em parceria com concessionárias como Elektro e CPFL Energia. "Conseguimos regularizar 20 mil residências de baixa renda nos últimos três anos", diz Norberto Duarte, presidente da MGD Engenharia. A empresa também realiza projetos para a indústria, e tem clientes como Vicunha Têxtil, Kaiser e Eaton. "A demanda está crescendo 30% ao ano e deve continuar nesse ritmo."

OESP, 15/07/2009, Economia, p. B13

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