Diário de Cuiabá
10 de Jul de 2001
Diferentemente do homem branco, para os povos indígenas educação significa hoje não só o meio para melhorar a sua renda ou a qualidade de vida: ela é também um fator de afirmação de sua identidade, de sua cultura. De acordo com o líder indígena Marcos Terena, quando chegou ao Brasil o homem branco deu inadequadamente o nome de índio aos inúmeros povos que aqui habitavam e chamou-os de selvagens, preguiçosos e incapazes.
Mas nós não somos índios, ou bugres, disse Marcos Terena aos alunos da Faculdade Indígena. Cada um de nós representa um povo que tem sua cultura, sua espiritualidade e sua natureza específicas. Nós somos cidadãos da Selva Amazônica, do Pantanal, do Cerrado, da Mata Atlântica. Segundo Marcos Terena, enquanto o homem branco cria bombas que destroem a si mesmos, os povos indígenas respeitam as suas mulheres, as suas crianças e o meio ambiente. Temos, portanto, muito a ensinar aos que se denominam civilizados, disse ele.
Depois de um processo civilizatório que levou mais de mil povos à extinção, os professores indígenas, segundo Terena, é que vão construir o futuro dos povos e do Brasil. De acordo com o governador Dante de Oliveira, até pouco tempo os povos indígenas do Brasil sofreram com as chamadas políticas de integração, que na verdade se traduziam no aculturamento e na destruição das etnias.
Para o governador, pela primeira vez um programa oficial pretende estabelecer um diálogo em pé de igualdade com os povos indígenas. O curso deverá servir, porém, para que os índios tenham uma melhoria de renda e de qualidade de vida, afirmou. Para Marcos Terena, essa melhoria não deve necessariamente vir pelo caminho apontado pelo deputado estadual Renê Barbour (PSDB): ele sugeriu que os índios formem uma cooperativa para plantar soja tipo exportação.
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