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Educação a distância para povos indígenas

O Liberal - Belém - PA
19 de Mai de 2001

Um público formado principalmente por pessoas ligadas à questão indígena esteve ontem à noite na Galeria da Residência para assistir à palestra da antropóloga Lina Batista, da Universidade de Brasília, realizada dentro da agenda da exposição Programa de Índio. Paraense há anos radicada no Distrito Federal e ex-diretora de educação da Fundação Nacional do Índio, Lina falou das tecnologias da educação a distância como a melhor forma de promover a educação indígena. Também estiveram presentes à discussão a coordenadora estadual de educação indígena Suely Menezes e a antropóloga Eneida Silva, da UFPA. O nome da secretária especial de Educação Isabel Amazonas estava na programação como uma das debatedoras, mas ela não compareceu. Há 15 anos trabalhando com educação a distância, Lina Batista falou dos benefícios que poderiam ser conseguidos através desse método para a formação de professores indígenas, seguindo a idéia de dar instrumentos aos índios para que eles possam ter autonomia. Com os programas a distância, você não tem o problema da qualificação. Você pode montar o melhor corpo docente. Se o especialista está em São Paulo, você pode buscá-lo, na Inglaterra, também. A antropóloga também defende a permanência dos índios nas aldeias, para garantir a manutenção de valores culturais e ampliar as oportunidades. Antes, se escolhia os jovens mais promissores da aldeia, que podiam ser os melhores caçadores, os que tinham alguma liderança. Iam para a cidade estudar e tinham um bedel numa casa, mas não havia apoio de fato. Os jovens saíam do controle dos velhos e a maioria não voltava para aldeia. Ou quando voltava, estavam tão desadaptados que causavam problemas. Fui chamada para tentar resolver o problema numa tribo onde os jovens passaram a assaltar carros na estrada que passava dentro da aldeia. Para Lina, integrar o índio a tecnologias como Internet e videoconferências não é problema. Também diz que tecnologia disponível para ser utilizada nesses programas existe. O que falta ainda é vontade política para colocá-lo em prática. A coordenadora da educação indígena no Pará, Suely Menezes, falou sobre os últimos dois anos como o ponto inicial da educação indígena, a partir da criação da lei que regula como essa educação deve ser feita. Mas enumerou várias incongruências entre o que diz a lei e o que existe de fato, como a regulamentação das escolas indígenas. No Pará, ela diz que nenhuma escola é regulamentada. O número de professores índios no Estado também é menor do que em vários outros Estados da região Norte. Enquanto em Roraima são mais de 200, aqui são 60, ainda em formação.

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