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Ecólogo tem formação forte em geociências, biológicas e humanas

FSP, Fovest, p. 6
18 de Nov de 2008

Ecólogo tem formação forte em geociências, biológicas e humanas
Ambiente é o objeto de estudo do profissional, que busca evitar danos à natureza

Luisa Alcântara e Silva

A Prefeitura de São Paulo prevê a construção de 130 quilômetros de ciclovias até 2010. Reciclar lixo é cada vez mais comum em empresas e residências. O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, já mostrou comprometimento com a diminuição da emissão de poluentes. O verde nunca esteve tão em alta, e, junto com ele, cresce a importância da profissão do ecólogo.
Além de trabalhar em empresas ou fazer consultoria em projetos de impacto ambiental, o profissional da área pode atuar em órgãos públicos -como secretarias de Meio Ambiente-, ONGs, zoológicos ou seguir carreira acadêmica e realizar pesquisas.
É ele quem deve evitar riscos ao ambiente. Quando o dano já existe, ele deve diagnosticá-lo e procurar formas de revertê-lo. Um exemplo é na construção de imóveis: antes de iniciar a obra, a construtora deve enviar um relatório a autoridades tratando do impacto ambiental que aquela obra causará -e aí entra o ecólogo, que pode fazer esse trabalho.
No Estado de São Paulo, o único curso de ecologia é o da Unesp, segundo o Ministério da Educação. Oferecida no campus de Rio Claro (173 km de São Paulo), a graduação existe desde 1976 e passa por freqüentes reestruturações.
Maria José Campos, professora e ex-coordenadora do curso, diz que a última mudança foi em 2006, quando foram incluídas na grade disciplinas como ecologia da paisagem e ecologia molecular.
Além das matérias específicas, o aluno de ecologia tem uma formação forte em humanas (antropologia, filosofia da ciência e legislação ecológica, entre outras), biológicas (genética, zoologia e fisiologia) e geociências (climatologia e mapeamento agroecológico).
"O curso é bastante equilibrado entre aulas práticas e teóricas", diz Maria José. As aulas práticas incluem visitas a unidades de preservação, como parques e reservas ambientais.
Fabio Enrique Torresan, 36, se formou na instituição em 1994 e, desde abril, trabalha com monitoramento ambiental por satélite na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura). "Desde jovem tinha interesse pelo ambiente."
Sua colega de profissão Renata Alves, 36, lida com mapeamento junto a comunidades indígenas. Ela já morou na região Norte e hoje trabalha no Instituto Socioambiental, ONG que lida com direitos sociais relativos ao ambiente. "Aprendo com os índios. É um trabalho que enriquece muito. E é muito satisfatório."
Por não ser uma profissão regulamentada (leia mais ao lado), não há um piso salarial para os ecólogos. Mas Décio Luis Semensatto Junior, presidente da ABE (Associação Brasileira de Ecólogos), afirma que ganha-se, em média, R$ 2.500. Já um recém-formado recebe menos: de R$ 1.200 a R$ 1.500.

Mistura
A partir do ano que vem, a UFSCar oferecerá o curso de agroecologia, que mescla ecologia e agronomia. Segundo o coordenador, Manoel Baltasar da Costa, a graduação ensinará a trabalhar com agricultura respeitando a ecologia. "Hoje, a forma como se planta é inadequada. Não se respeita o ambiente. Vamos dar uma dimensão ecológica à agricultura", diz ele. Com duração de cinco anos, o curso terá 40 vagas e a relação candidato/vaga é de 2,45.

QUANTOS SÃO:
1.000 é o total de formados em ecologia no país
700 é o número de ecólogos que atuam na área
Fonte: Associação Brasileira de Ecólogos

Lula vetou regularização da profissão

Os cerca de 700 ecólogos que atuam no país, segundo a ABE (Associação Brasileira de Ecólogos), enfrentam dificuldades para regulamentar a sua profissão.
Em agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou um projeto de lei a favor dos ecólogos. Um dos motivos foi que o texto não explicava com exatidão qual era o campo de atuação do profissional. "Podemos exercer nosso trabalho livremente, mas não totalmente", diz Décio Luis Semensatto Junior, presidente da ABE.
O "totalmente" a que ele se refere é o fato de que os profissionais não podem assinar trabalhos, como projetos de impacto ambiental -precisam de profissionais reconhecidos, como o biólogo.
Outra complicação é a impossibilidade de se fixar um piso salarial.
Mas ainda há uma chance. Semensatto diz que a ABE aguarda decisão do Congresso, que pode derrubar o veto e, caso não dê certo, diz que trabalhará para que um novo projeto tramite na Câmara.
"Mas, mesmo sem regulamentação, os ecólogos conseguem se colocar bem no mercado de trabalho", afirma Semensatto.
Segundo a ABE, atualmente há aproximadamente mil ecólogos no país, mas cerca de 30% atuam em outras áreas.

FSP, 18/11/2008, Fovest, p. 6

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