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É tempo de olhar para o céu em SP

OESP, Cidades, p. C8
20 de Set de 2008

É tempo de olhar para o céu em SP
Maçaricos, falcões peregrinos e outras aves migratórias chegam à cidade fugindo do frio da América do Norte

Mônica Cardoso

Maçaricos, batuíras, juruviaras, falcões peregrinos e águias pescadoras. Com a chegada da primavera, o céu paulistano recebe visitantes que fogem do frio da América do Norte. A cidade pode ser tanto o ponto final como um pit stop, onde as aves migratórias se alimentam antes de seguir rumo ao Sul do Brasil ou, mais longe, até a Patagônia.

Em bandos, os maçaricos e as batuíras são pequenos, e sua plumagem adquire coloração acinzentada durante o trajeto. As aves se instalam em brejos à beira das represas e eventualmente no Parque Ecológico do Tietê, na zona norte, onde se alimentam de moluscos e crustáceos.

Outro lugar escolhido fica no limite entre os municípios de São Paulo e Embu, onde é construído o Rodoanel. "A obra, em si, não vai causar impacto ambiental. Quanto à ocupação, só saberemos com o tempo", diz o ornitólogo Fábio Schunck, que estuda as aves da Represa do Guarapiranga. Nessa época do ano, segundo ele, é possível ver bandos de até 400 exemplares por lá.

Os ambientes preservados não são os únicos escolhidos para hospedagem. Embora os altos edifícios do centro pareçam inóspitos, são os escolhidos do falcão peregrino. "Esse animal se adaptou bem ao ambiente urbano e não se importa com a degradação ambiental. Ele se alimenta de pombos", explica o professor Luís Fábio Silveira, do departamento de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). De tamanho razoável - 30 centímetros - e plumagem colorida, a imponente ave chega sozinha ou em casal, em meados de outubro. Algumas, porém, já foram feridas por linhas usadas para empinar pipas.

Outra ave que se adaptou a alagados da cidade é a águia pescadora. Muitos exemplares nem voltaram ao hábitat de origem. "Não se conhece o motivo pelo qual não voltaram", diz Silveira. A ave americana prefere locais alagados como a Represa do Guarapiranga e os clubes Campestre e da Varig, em Parelheiros, no extremo sul da cidade. A águia se alimenta de peixes capturados no meio da represa. Por enquanto, não há desequilíbrio ecológico.

Mais comum, a juruviara é facilmente encontrada em parques como o do Carmo, na zona leste, e Alfredo Volpi e Ibirapuera, na zona sul. As aves vêm da América do Norte em grupos de cinco ou seis. Seu canto chama a atenção, assim como as penas esverdeadas.

São Paulo, porém, não é apenas destino de aves de fora. A cidade já começa a receber de volta bandos de aves "paulistanas" como o suiriri, a tesourinha e o andorinhão, que partiram em maio para a região amazônica, fugindo do inverno. "Estão um pouco atrasadas. O aquecimento global pode adiantar ou atrasar a migração."

PAIXÃO

Aos 8 anos, o médico Luis Fernando Figueiredo, hoje com 58, ganhou um binóculo. "Meu pai gostava de colocar as aves nas gaiolas, mas eu achava bem mais interessante observá-las na natureza." Há 24 anos, ele e mais cinco apaixonados pelas aves fundaram o Centro de Estudos Ornitológicos (CEO).

O grupo conta hoje com 50 pessoas. Os encontros ocorrem na USP, onde assistem a palestras com especialistas, organizam viagens e trocam informações. "Hoje, é possível colocar um alto-falante ligado a um iPod para tocar o canto da ave e, assim, atrair outras da espécie", diz Figueiredo. "São Paulo é boa para o iniciante porque as aves já se acostumaram à presença humana." O melhor horário para observá-las é pela manhã, quando estão mais ativas, cantando e buscando comida. O kit básico inclui binóculo e um guia de campo, com informações sobre as espécies. O iniciante também não deve esquecer um item imprescindível: a paciência, já que as aves podem demorar a aparecer.

Princesa japonesa comparece hoje a evento no Morumbi

A princesa japonesa Takamado, prima em segundo grau do príncipe herdeiro Naruhito, vem ao Brasil conhecer os projetos da Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil), afiliada nacional da BirdLife International, da qual ela é presidente honorária. O evento é às 10 horas de hoje, na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, no Morumbi.

Na fundação, é possível fazer visitas monitoradas para observar aves com acompanhamento de biólogos que explicam os hábitos de cada uma, em grupos de até 20 pessoas. Lá, aparecem espécies difíceis de ser vistas em outros locais, como o pica-pau-de-cabeça-amarela e pica-pau-de-banda-branca. As visitas ocorrem de terça a domingo, e a entrada custa R$ 10.

OESP, 20/09/2008, Cidades, p. C8

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