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Doutor da Universidade de Rondônia defende alternativa ao gás natural

Gazeta Mercantil do Norte
Autor: Yodon Guedes e Wilson Nogueira
29 de Nov de 2001

O doutor em planejamento de sistemas energéticos do Centro de Estudos para o Desenvolvimento Regional da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Artur de Souza Moret, defenderá a instalação de pequenas hidrelétricas e usinas movimentadas por queima de resíduos de madeira como alternativa à termelétrica de Porto Velho, movida a gás natural, cuja inauguração está prevista para o próximo ano. A nova termelétrica está sendo construída pela Termonorte, empresa formada pelo consórcio El Paso/C&F Participações.
Moret apresentará sua proposta no seminário que discutirá os prováveis impactos ambientais ao longo dos 528 quilômetros percorridos pelo gasoduto Urucu-Porto Velho, marcado para a próxima segunda-feira, em Porto Velho. O cientista alega que essa alternativa é sustentável e diminui a emissão de gases que prejudicam o meio ambiente.
O evento faz parte do Fórum de Debates sobre Energia, do qual participam as organizações não-governamentais WWF/Brasil e Cunpir (Coordenação da União das Nações e Povos Indígenas de Rondônia, noroeste do Mato Grosso e sul do Amazonas). O foco do seminário é envolver a sociedade na discussão sobre a viabilidade do gasoduto.
Uma das fases para viabilizar a construção do gasoduto - audiências públicas em Porto Velho e em duas outras localidades do Amazonas - foi adiada "sine die" pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) devido a questionamentos do Ministério Público Federal e Ministério Público do Amazonas por solicitação da ong ambientalista Amigos da Terra, no último dia 6.
A ong sustentou que, pela importância do projeto, o resultado do Estudo e Relatório de Impactos Ambientais (EIA-Rima) deveria ter ampla divulgação e não apenas publicação em Diário Oficial. Segundo a ong, o Ibama deveria dar publicidade ao EIA -Rima nos jornais de circulação regional, por pelo menos 45 dias após a conclusão do documento. O Ibama informou que as audiências só serão realizadas no próximo ano.
Moret apresentará a tese de que o gasoduto implica em danos ao meio ambiente, com a possível entrada de madeireiros, garimpeiros e grileiros ao longo do traçado do gasoduto entre as duas rodovias federais que cortará.
O gasoduto vai percorrer quatro trechos: inicia-se no pólo Arara, em Coari (AM); segue na direção sudeste do Estado do Amazonas por aproximadamente 185 quilômetros; depois na direção sul, na região de influência dos rios Purus e Mucuim, até atingir a região da BR-319, que liga a cidade de Humaitá (AM) a Porto Velho (RO). Em seu percurso, a obra cortará os municípios de Coari (AM), Tapauá (AM), Canutama (AM) e Porto Velho.
Orçado em US$ 250 milhões, o gasoduto vai transportar, inicialmente, 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural da província petrolífera de Urucu, para abastecer a termelétrica de Porto Velho, que vai gerar energia elétrica, de imediato, também para o Estado do Acre por meio de linha de transmissão.
O cientista afirma que a termelétrica movida a gás só atenderá a demanda interna do estado, que precisa levar energia elétrica à metade de sua população, hoje em torno de 1,4 milhão de habitantes. "Com o gasoduto, serão produzidos 404 megawatts para Rondônia e Acre. Isso só dá para atender o consumo interno, já que duas usinas térmicas a diesel, uma em Porto Velho e outra em Rio Branco, serão desligadas", explica. Cada uma dessas termelétricas gera 150 megawatts.
Esse dado contradiz a informação da Eletronorte, que promete interligar Rondônia ao sistema nacional de energia elétrica até 2003, com possibilidade de exportar 200 megawtts. Os cálculos são oriundos da capacidade de geração de 216 megawatts da usina hidrelétrica de Samuel, 100 megawatts da termoelétrica Rio Madeira e 404 megawatts da Termonorte, que pode entrar em operação no próximo ano.
Os gastos para instalação e produção dos 404 megawatts de energia estariam na casa de R$ 1 bilhão, segundo informa o senador Moreira Mendes (PFL), coordenador do movimento em favor do gasoduto. Ele garante que a energia gerada possibilitará a instalação de um parque industrial no estado.
As alternativas, ainda sem valores de custo medidos, apresentadas por Moreti, são a instalação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), cada uma com capacidade de geração de 160 megawatts, mais 190 megawatts por meio da queima de resíduos da madeira e outros 75 megawatts com acoplamento de turbina a vapor em duas térmicas.

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