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Douglas Apratto e Jairo Campos lançam livro 'Alagoas Herança Indígena'

Tribuna Hoje- http://tribunahoje.com/
21 de Mar de 2016

A herança dos índios alagoanos está retratada no mais recente projeto coordenado pelos professores Douglas Apratto Tenório e Jairo José Campos da Costa e pretende dar visibilidade a mais uma das minorias silenciadas durante o processo de colonização. A ideia dos organizadores da obra é fazer um recorte na construção histórica de Alagoas, para contribuir no entendimento do alagoano de como se deu a formação do Estado. Batizado de Alagoas Herança Indígena o livro será lançado no próximo dia 5 de abril, às 18h30, no Iphan - Instituto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, à Rua Sá e Albuquerque, em Jaraguá, e foi editado pelo selo EduUneal - Editora da Universidade Estadual de Alagoas.

"Os aventureiros lusos não chegaram a um território vazio. As terras alagoanas já eram ocupadas por uma expressiva população nativa que compreendia tribos e nações, em sua maioria do tronco tupi-guarani e minoritariamente dos gês, ou tapuias. Esses povos viviam em habitações coletivas. Os homens eram caçadores e guerreiros. As mulheres se dedicavam às atividades agrícolas, aos trabalhos artesanais e à criação dos filhos", destaca.

O professor enfatiza que no Estado quase não percebemos essa presença, embora ela esteja em todos os lugares. "Da mesma forma que nossa composição negra, ela foi também desprezada, esquecida, não considerada como essencial na formação do homem alagoano", explica.

A pesquisa que resultou em livro tem o objetivo de dar subsídios principalmente a juventude, estudantes universitários, do ensino médio e básico, "para que tenham conhecimento maior do nosso pertencimento" e trata desde a chegada dos europeus às terras caetés, fazendo uma análise da descolonização da cultura indígena, fala da necessidade de uma política pública de ensino superior para índios; das etnias indígenas de Alagoas, entre outros itens.

Com prefácio de Philippe Walter, doutor honoris causa, professor emérito da Universidade de Grenoble e diretor do Centro de Pesquisa sobre o Imaginário, o trabalho tenta valorizar temas que são esquecidos e segregados na sociedade. "Um tema complexo e fascinante naquilo que tem importante na sua formação e seus fundamentos", comenta.

O coordenador observa que não enxerga entender Alagoas sem saber que temos uma forte herança indígena, negra, entre outros aspectos. O objetivo, segundo ele, é justamente lembrar esses aspectos, além de fornecer material para pesquisas bibliográficas focadas no Estado.

"A nossa herança indígena tem a toponímia predominantemente indígena: (Maceió, Jaraguá, Coruripe, Jatiúca e outros nomes). Aprendemos a história dos povos que formaram Alagoas em livros escritos no Sul e Sudeste. Agora podemos mudar isso". Douglas Apratto observa como exemplo da nossa aculturação, as obras de construção civil de Alagoas onde constam vários prédios com nomes estrangeiros. "Nomes italianos, ingleses, vários espanhóis e nós temos uma herança indígena muito forte, como a cultura negra, e são nomes bonitos", avalia.

O professor destaca ainda que a pesquisa está trazendo uma contribuição histórica para o Estado; segundo ele, as pessoas precisam ter o conhecimento exatamente da nossa herança indígena. "E quando eu falo isso, há um preconceito indicando que não tem índios no Estado, porque avaliam que índio só é aquele personagem de tanga, que anda nu".

Ele indica ainda que os estudos do professor Jorge Vieira mostram que existem 12 tribos indígenas em Alagoas que são reconhecidos pelo governo como os Kalankós; Wassu Cocal (Joaquim Gomes); Xucuru-Kariri - Fazenda Canto, Palmeira dos Índios; Kariri-Xocó, Porto Real do Colégio - Alagoas, entre outros. "Esses povos são alagoanos têm um saber acumulado muito forte em vários aspectos e nós vemos que a nossa flora e a nossa flora estão indo embora; mágica, raízes, a farmacêutica, uma série de coisas".

O professor cita também que em locais como a Pajuçara e Ponta Verde, onde foram colocadas as estátuas do escritor Graciliano Ramos e do lexicógrafo Aurélio Buarque, também deveriam ter sido colocadas referências indígenas como forma de valorizar a nossa cultura. "Faltou isso: Palmas para Graciliano, para Aurélio, mas deveria ter o índio, o negro, por causa do Quebra de 2012; nossa cultura que está desaparecendo e o livro traz essas vertentes culturais", explica.

http://tribunahoje.com/noticia/173575/entretenimento/2016/03/21/douglas…

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