VOLTAR

Distrito florestal para diminuir desmatamento

O Globo, O País, p. 13
13 de Mai de 2007

Distrito florestal para diminuir desmatamento
Empresas podem ter verbas para recuperar áreas degradadas

Siderúrgicas, produtores de carvão e autoridades ambientais concordam, pelo menos na teoria, que a criação do Distrito Florestal do Carajás é a solução mais palpável para desenvolver economicamente a região e, ao mesmo tempo, frear o desmatamento da área mais devastada da Amazônia. Com 25 milhões de hectares, que inclui terras do sudeste do Pará, do norte de Tocantins e do oeste do Maranhão, o distrito estimularia o reflorestamento e a recuperação de áreas degradadas através de políticas públicas. Em outras palavras, tornaria mais lucrativo plantar do que desmatar.

Amanhã, começam as audiências públicas em Marabá, onde prefeituras, siderúrgicas, carvoarias e Ministério do Meio Ambiente, entre outros, discutirão o formato e a delimitação exata do distrito do Carajás. A princípio, são previstas três frentes de atuação: a concessão de créditos do BNDES para o reflorestamento, o incentivo à regulamentação fundiária e a intermediação entre os setores agropecuário e florestal. Se tudo correr dentro do previsto, o distrito será criado oficialmente em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente.

- Ao contrário de leis ambientais, o distrito florestal não proíbe nada, ele estimula a preservação - afirma o diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Tasso Azevedo.

O distrito do Carajás pretende criar oportunidades de trabalho em 1,5 milhão de hectares de floresta, incentivar o plantio em 9,6 milhões de hectares de área desmatada e recuperar 4,8 milhões de hectares em reserva legal. A produção sustentável de madeira chegaria a 5 milhões de metros cúbicos de toras e de 17 milhões de carvão vegetal.

O mecanismo do distrito está baseado na lei florestal, que obriga as empresas que consomem produtos florestais a serem auto-sustentáveis. O objetivo do ministério é dar mais meios para que se cumpra a exigência. As autoridades acreditam que, se houver mais matéria-prima legal no mercado, as siderúrgicas não precisarão recorrer à madeira ilegal.

- O sujeito vai perceber que reflorestar é muito mais lucrativo do que abrir pastos para pecuária - explica o gerente do Ibama de Marabá, Antônio Augusto Aguiar Ferreira.

A região do Carajás sofre não só com as carvoarias, mas com seus onze pólos madeireiros, responsáveis, segundo a pasta do Meio Ambiente, pela extração anual de 3,3 milhões de metros cúbicos de madeira em tora, normalmente sem licença ambiental. E contribui para o desmatamento um pólo de pecuária extensiva que abate 10 mil cabeças de gado por dia.

O Globo, 13/05/2007, O País, p. 13

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.