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Dispara número de focos de queimada em todo País

OESP, Vida, p. A25
28 de Jun de 2007

Dispara número de focos de queimada em todo País
Volume de áreas incendiadas com mais de 30 m de comprimento
por 1 m de largura é 66% maior do que em mesmo período de 2006

Simone Menocchi
São José dos Campos

Neste ano, o Brasil está incendiando mais sua vegetação. A época de estiagem mal começou e o volume de queimadas em todo País já é 66% maior do que no mesmo período do ano passado.

O dado resulta do monitoramento de focos de incêndio feito com dez satélites pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). "Em todo o País, só um desses satélites detectou 12 mil focos, ante 9.340 no ano passado", diz o pesquisador do Inpe e responsável pelo Departamento de Queimadas do instituto, Alberto Setzer.

Os satélites, entre eles o NOAA-12, passam por todo território nacional detectando áreas queimadas com mais de 30 metros de comprimento por 1 metro de largura. Ontem à tarde, por exemplo, o NOAA-12 detectou 148 focos no País. A maior parte dos focos estava no Estado de Tocantins, com 31 pontos de incêndio, e em Mato Grosso, com 26. "A estiagem está no começo, mas esses dados já servem de alerta. Somente em junho, nos primeiros 26 dias, o aumento foi de 55% no País", afirma o pesquisador.

O satélite também passa por outros 13 países e, na tarde de ontem, detectou 21 queimadas na Argentina e 8 na Bolívia. Isso mostra que o Brasil continua sendo um dos campeões em queimadas e o quinto maior país poluidor, contribuindo, e muito, para o aquecimento global. "Nesse aspecto somos um dos grandes vilões na poluição do planeta", lamenta Setzer.

Redutor de área queimada

O Estado campeão em queimadas continua sendo Mato Grosso, mas São Paulo se destaca, principalmente por causa da queima da palha da cana.

Desde o começo do ano, os focos em Mato Grosso subiram 25%. Em São Paulo, o aumento foi de 21%. Considerando apenas os dados de um satélite, o aumento neste ano foi de 1.410 para 1.700 focos em São Paulo. "O principal motivo é o período seco e a queima da cana", explica Setzer. As previsões para o Sudeste indicam que o inverno será mais quente e seco, o que aumenta os riscos.

"O aumento do plantio da cana e a colheita manual ajudam nas queimadas, que não prejudicam só o local onde se queima", avalia o pesquisador. "Gases tóxicos como óxido de nitrogênio e monóxido de carbono geram outros poluentes em contato com a luz solar", explica Setzer. "Portanto, o sujeito que queima está fazendo mal para o mundo inteiro."

Neste ano, o governo estadual decidiu estabelecer um limite para a queima da palha da cana-de-açúcar. A medida, anunciada no começo do mês, prevê a queima de uma área de 2,210 milhões de hectares, o que significa 4% a menos da área a ser queimada em São Paulo na comparação com 2006.

Os usineiros têm de pedir autorização para a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) para a queima da cana. Neste ano, segundo dados da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, o número de pedidos cresceu 20%.

Áreas de conservação

A grande preocupação é com as áreas de conservação, florestas, parques nacionais e estaduais que também não escapam dos incêndios.

Neste mês, na Serra Geral do Tocantins, em Rio da Conceição, foram registrados 103 focos, todos voluntários. No Parque das Nascentes, em Barreiras do Piauí, foram 77 focos em junho.

Nas áreas nacionais, cabe ao Ibama a fiscalização, prevenção e combate. De acordo com a Assessoria de Imprensa do Ibama em Brasília, por meio do programa PrevFogo, são feitas fiscalizações em todas as áreas de conservação e desenvolvidos projetos para educação das crianças e agricultores sobre o assunto.

OESP, 28/06/2007, Vida, p. A25

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