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Diretor da Funasa pede demissao

CB, Brasil, p.11
10 de Mai de 2005

Diretor da Funasa pede demissão
O coordenador regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no Mato Grosso do Sul, Gaspar Hickman, pediu afastamento do cargo após diversas denúncias de irregularidades no uso de verbas da instituição. A Comissão Externa da Câmara dos Deputados, que investiga o caso, liga as irregularidades à morte de 36 índigenas na região de Dourados (MS) por subnutrição e falta de cuidados. Ontem, depois de quatro meses do início das mortes das crianças, a comissão interministerial, criada pelo governo para fazer uma análise da situação indígena em Dourados, chegou à cidade para apurar as causas da matança.
O coordenador-executivo da Funasa, Lenildo Moraes, assumiu o cargo interinamente. Hickman afirma que os documentos utilizados pela comissão da Câmara para fazer as denúncias foram obtidos de forma ilícita e que, por isso, as acusações não podem ser consideradas verdadeiras. Só o fato de o documento ter sido obtido de forma ilícita, já perde a validade. Um parlamentar, para divulgar notícia, deveria solicitar os documentos em caráter oficial”, disse à Agência Brasil. Ele defende que a apuração do caso seja feita o mais rápido possível. "Considerando os constantes ataques políticos, peço afastamento do cargo, mas sou um dos primeiros a querer a apuração do caso".
Gastos excessivos
Para o coordenador da Comissão Externa da Câmara, deputado Geraldo Resende (PPS-MS), o pedido de afastamento de Hickman é prova de que os indícios de irregularidades são verdadeiros. Os documentos são autênticos. Foram fornecidos por servidores da Funasa que estavam desconfortáveis com a situação existente na instituição. O Gaspar solicitou sua saída porque, certamente, sua consciência está pesando”.
Os documentos da Comissão Externa da Câmara apontam gastos excessivos com manutenção de carros e bombas dágua, por exemplo. Os documentos também mostram gastos, em dezembro do ano passado, de R$ 295 mil com consertos de carros quebrados. O deputado Geraldo Resende diz que esses gastos consumiram quase todo o orçamento da Funasa em 2004. Ele (Hickman) esquece de dizer que, em fevereiro, durante uma semana, foram gastos R$ 195 mil. Somando tudo, dá mais de R$ 500 mil. E a Funasa só tem cem carros que são novos. Esses gastos consumiram quase a totalidade dos recursos da Funasa no ano passado”.
Para o deputado, a escolha do coordenador-executivo da Funasa para assumir interinamente a coordenadoria regional da instituição é sinal de que a situação no local é grave. Se a Funasa manda o segundo homem mais forte na diretoria, logicamente, deve ter sentido que onde há fumaça há fogo", afirmou. A situação está muito grave”, diz o deputado.

CB, 10/05/2005, p. 11

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